Na experiência pastoral de hoje, nos deparamos com uma questão preocupante, não só para os psicólogos e psicanalistas, mas também, como servidores do Povo de Deus, para nós presbíteros (Padres). Constantemente, encontramos casos e queixas das pessoas que dizem ou pensam estar com depressão, que, segundo estudiosos, é tida como um dos grandes da era pos-moderna.
Inicialmente já constatamos que o problema não atinge uma casta ou camada seleta da Sociedade. Escutamos pobres, ricos, estudiosos, analfabetos, profissionais, religiosos que se lamuriam de estar com depressão. Isso aparece como fenômeno que relaciona muitos elementos desde a ordem material até as questões espirituais. Contudo, é notório encontrarmos um elemento mais imediato que surge como determinante para a pessoa que se diz depressiva: "ela perde o sentido e o encantamento da própria vida". Por trás deste dado psicológico e existencial, encontram-se "perdas" das mais variadas formas: falimentos nos negócios; traições; problemas familiares; violência doméstica; desempregos; abusos sexuais na infância; 'manipulação do mercado neoliberal que massifica o inconsciente coletivo induzindo-o a colocar o sentido da felicidade no ter, no poder e no prazer'; e, enfim, o indiferentismo, a manipulação e a comercialização do real e plenificador sentido do Amor de Deus pelo Homem. Quando nos referimos ao religioso, estou muito distante do modo como estar sendo inescrupulosamente usado o sagrado com fins lucrativos e empresariais, com a coisificação dos sofrimentos das pessoas. As seitas e as budegas do sagrado estão fazendo com as pessoas chagadas por todos estes infortúnios sociais se tornem objeto de charlatanismo e curandeirismo.
Um teólogo católico refletindo sobre a angústia (ou depressão) cristã, como fruto do pecado, diz que o "Cristianismo quer e pode redimir o homem da angustia do pecado, se o homem se abre à redenção e se submete às suas condições; em lugar da angústia do pecado, ele dá-lhe acesso a Deus sem angústia, na fé, na caridade (amor) e na esperança; as quais, derivando da cruz, podem por si mesmas provocar uma nova, carismática, coexpiante forma de angústia, no âmbito da solidariedade universal (Balthasar, O Cristão e a Angústia, pág. 51)". Lendo o texto, entendemos porque o autor faz a afirmação ao da 'solidariedade universal' por causa da cruz de Cristo, que nos reúne como objeto do Amor universal de Deus. "O Homem moderno e alienado da sua verdade fundamental não está sabendo como direcionar os seus sofrimentos e como transformar o sentimento de morte que é próprio dele, porque começou a iludir-se que poderia vir a ser o super-homem só pela vontade forte". Aqui podemos instigar a atenção para um diálogo interdisciplinar que chame em causa o aprofundamento do que é a essência do Mal e, por conseguinte, a verdade sobre o Pecado... Os males presentes nas relações humanas merecem também esta reflexão. O Cristianismo como religião do Deus Amor continua sendo a Resposta Última para o que as pessoas mais estão buscando, muito inconscientemente ainda, para as suas vidas agitadas e caóticas.
Enfim, para nós Cristãos, a certeza de que Cristo e a sua vida é o Razão de tudo o que existe sobre o céu e a terra deve inquietar-nos a buscar Nele o sentido para tudo o que nós buscamos fora e que nunca encontraremos se antes não buscarmos em nós mesmo. Os nossos corações estarão sempre inquietos enquanto não repousarmos Nele (Santo Agostinho). A proposta da Palavra de Deus sempre será atual porque fala ao homem o que ele quer mais saber sobre ele mesmo. Sejamos Cristãos conscientes da Verdade que nos liberta e do Amor que nos encanta. Assim o seja!
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Assinar:
Postagens (Atom)