São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A Igreja e a homofobia

O tema sobre o qual venho a tratar é muito atual. Talvez não devesse ser visto pela Igreja e pelos movimentos (LGBT) com qualquer sombra de tensão relacional no tocante aos direitos humanos, já que não existiu nem existe, principalmente na América Latina, instituição que tenha defendido mais os direitos humanos do que a Igreja Católica. Basta fazer a leitura e a interpretação da história. E ainda o próprio conceito de dignidade de pessoa humana a quem está vinculado como mola mestra desta busca.

A Igreja Católica não fomenta nem defende desrespeito e violência contra os homossexuais. O cardeal de São Paulo, D. Odilo Scherer, em excelente artigo (respeitar e ser respeitado), faz este esclarecimento que deveria chamar a atenção destes movimentos para o que vem sendo semeado em várias instâncias do nosso País nas relações entre as comunidades cristãs e estas organizações. Com as atitudes de “intolerância” que estão acontecendo todos sairão “violentados e sofridos”. A razão não pode perfurar as leis da natureza. Quando isto acontece todos ou a maioria perdem.

O Catecismo da Igreja Católica ensina que “os homossexuais devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta” (n. 2358). A experiência pastoral nos ajuda muito nesta questão: a discriminação das pessoas com tendências homossexuais começa trivialmente nas famílias. Logo, alguém diria que é por questão religiosa. Mas um questionamento, em contrapartida, também precisa ser respondido: a religião, principalmente para a Igreja Católica, não tem sua racionalidade, já que esta defende que fé e razão devem caminhar juntas? Como foi o passado, é o presente e será o futuro duma Civilização que não tem a família, constituída entre o homem e a mulher, como base de perpetuação da Humanidade? A própria Palavra de Deus é luz para estas confusões, a ver: Jesus não condena o pecador, mas pede que ele não peque mais; já que todos têm pecado, todos precisam desta “conversão”, que é endireitar o coração para vontade de Deus e o bem do próximo. O chamado não é só para os homossexuais, e sim para aqueles que querem estar em comunhão com Deus e com o próximo (cf. Jo 8, 1-11; 1Jo 4,7-21). O Catecismo continua coerente quando ensina que “os homossexuais são chamados a realizar a vontade de Deus em sua vida e, se forem cristãos, a unir ao sacrifício da cruz do senhor as dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição” (idem).

O Estado Democrático tipifica sobre as liberdades de pensamento e a inviolabilidade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as liturgias (CF art. 5, IV e VI). Isto nos leva a inferir que a questão se tornou verdadeiramente ideológica e impositiva. O que se tenta amordaçar é a voz profética da Igreja que continua sendo sinal de esperança nos vários recantos do nosso País.

Por fim, retomo palavras de Jesus Cristo, que falando aos seus discípulos apresenta-lhes a regra de ouro: “tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei vós a eles” (Mt 7,12; Lc 6,31). Portanto, dizer que a Igreja é homofóbica não tem consistência, nem é honesto. A Igreja tem uma proposta que é dirigida a todos, a fim de que todos sejam livres em Cristo. Eis a verdadeira liberdade. Assim o seja!