São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A Igreja e suas orientações

A Igreja tem personalidade jurídica, reconhecida pelo Estado Brasileiro, mais recentemente oficializada mediante estatuto jurídico firmado e celebrado entre o governo brasileiro e a Santa Sé. Ao introduzir o estado da questão as Altas Partes, assim se pronunciam que: “os contratantes são, cada um na própria ordem, autônomos e se baseiam nos documentos do Concílio Vaticano II e no Código de Direito Canônico, e a República Federativa do Brasil, no seu ordenamento jurídico”. No Artigo 10, § 1º está codificado que a República Federativa do Brasil reconhece à Igreja Católica o direito de constituir e administrar Seminários e outros Institutos eclesiásticos de formação e cultura. A Congregação para a Educação Católica publicou no dia 23 de Novembro de 2008 as “Orientações para a utilização das competências psicológicas na admissão e na formação dos candidatos ao sacerdócio”, onde elucida que cabe à Igreja escolher as pessoas que considera aptas para o ministério pastoral e é seu direito e dever verificar a presença das qualidades requeridas naqueles que ela admite ao ministério sagrado. E ainda, o Código de Direito Canônico prevê que, para o escrutínio das qualidades requeridas para a ordenação, providencie-se, entre outras coisas, à investigação sobre o estado de saúde física e psíquica do candidato. O Cân. 1052 estabelece que “o Bispo, para poder proceder à ordenação, deve ter certeza moral acerca da idoneidade do candidato. Resulta daí que a Igreja tem o direito de verificar, inclusive recorrendo à ciência médica e psicológica, a idoneidade dos futuros presbíteros” (cf n. 11)

Não é segredo à Sociedade os tristes escândalos que, infelizmente, alguns sacerdotes com desequilíbrios psicoafetivos, (ou tem alguém que defenda ser uma opção?!), cometeram envolvendo crianças indefesas. É o caso da pedofilia, que vale ressaltar, não é um problema do clero; mas uma problemática humana e que precisa ser encarada com seriedade e honradez, para o bem das várias crianças indefesas. Claro que a Igreja, quando “orienta” um candidato a deixar o seminário, não quer dizer que seja só por questões de desvios sexuais. No entanto, estes problemas existem e infortunadamente e com muita freqüência tem gente querendo se esconder nas casas de formação, não por vocação ao ministério consagrado, mas para fugir das responsabilidades que o Mundo exigirá quanto os vários anseios da Vida de quaisquer cidadãos que são chamados a ser Homens e Mulheres íntegros e integrados socialmente. A Igreja está querendo corresponder aos desafios de ser testemunha da verdade em meio aos turbilhões dum pansexualismo desordenando e doentio. Para ser padre é fundamental que o candidato seja Homem de personalidade ajustada. A Igreja nunca negou a dignidade do cristão que, por questões até o momento, não bem explicadas, direciona sua atividade sexual para uma pessoa do mesmo sexo. Todos são filhos de Deus. São amados por Deus e essa certeza de amor e fé ninguém pode esquecer. Urge considerar, que essa mesma Igreja pode ter suas orientações disciplinares. Ela também não pode ser livre? Porque não?! Ninguém é obrigado a ser Padre e, se o desejar, que o seja com dignidade, pensando em servir ao Povo de Deus, pelo testemunho de vida e serviço.

Por fim, rendamos graças ao bom Deus pelo Seminário de São Pedro da Arquidiocese de Natal, que tanto bem já fez à Sociedade, formando, não só sacerdotes, mas também leigos engajados, para o bem dos fiéis e hoje, mui especialmente, à equipe de formação que na pessoa do seu Reitor, que é um Homem justo, que dedica-se para que os futuros sacerdotes possam ser Homens de serviço e doação ao querido Povo de Deus, a quem também agradecemos pelas ajudas materiais e espirituais concedidas ao Seminário, porque deseja que esta mesma casa continue a oferecer sacerdotes santos para o serviço e santificação dos fiéis. Assim o seja!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O que fortalece a Igreja?

O referencial da nossa conversão é Jesus Cristo. Sua pessoa e sua obra. Alguém poderia perguntar onde este mestre e senhor pode ser conhecido? A resposta é imediata: na palavra de Deus, claro que sem negar os demais lugares de encontro (cf. DA, n. 246-275). O princípio teológico e hermenêutico para o inicio deste processo é saber que ele “no princípio era o Verbo, e o Verbo estava voltado para Deus, e o Verbo era Deus (...) e o Verbo se fez carne e habitou entre nós (cf. Jo 1,1.14). Mesmo com sua preocupação circunstancial, a teologia paulina seria utilizada no futuro para que nós possamos compreender universalmente a importância da sua eclesiologia para o passado, para o presente e, ainda mais, para o futuro. Os padres conciliares ao apresentarem a Igreja, metaforicamente, como corpo de Cristo afirmam que “assim como são muitos os membros do corpo humano, mas o corpo é um só, também os fiéis (cf. 1Cor 12,12). Na edificação do corpo de Cristo há igualmente diversidade de membros e de funções. O Espírito é sempre o mesmo, que distribui os seus dons segundo sua generosidade, as necessidades do ministério e a utilidade da Igreja (in. LG, cf. 1Cor 12,1-11)”. Sem delongas, vale sublinhar três ações que sinalizam a augusta necessidade da Igreja como luz do mundo, a saber: 1) O testemunho; 2) A comunhão e 3) O profetismo.

O testemunho: O mundo está carente de testemunhas do Evangelho. Jesus, depois de falar da importância das bem aventuranças, acrescentou que os seus ‘ouvintes’ devem ser “Sal da terra e Luz do mundo (cf. Mt 5,13-16)”. As pessoas perderam os referenciais da Verdade. Esta inclui, sem dúvida, as palavras e as obras. A ação humana só ecoa se estiver carregada de testemunho de vida. Os pensadores da Humanidade falam duma crise do humano. Se existe uma confusão do que é humano é porque existe um obscurecimento do que é divino. O ocultamento de Deus é uma inventiva desumana de quem não entende que Ele é necessário para o esclarecimento humano. A crise da Era Posmoderna, delineada por pensadores sociais, é visível diante das crises existenciais do Humano. Os desencontros pessoais e globais são bases para a reflexão do que é mister ser mudado para o bem futuro da Humanidade. O testemunho cristão é Luz para essa empreitada. Isso porque é constituído sobre palavras de Vida Eterna.

A Comunhão: Esta constituição nos levará a uma possibilidade e necessária comunhão universal. Nenhum projeto de ética ou humanismo tem consistência sem uma unidade que respeite as diversidades. Claro que será uma projeção da Esperança cristã. Não da Utopia, que é um “não lugar”. A via cristã tem lugar no tempo e no espaço da História da Humanidade. Por isso, um sacramento universal de Vida e Salvação é condição imprescindível para esta realização.

O Profetismo: O verdadeiro profetismo não violenta a realidade. Infelizmente durante algum tempo existiu alguém que achou isto. A profecia para ser autenticamente divina não dispensa o que é humano; mas o aperfeiçoa e o condiciona à vontade de Deus. O amor e a razão elevam as atitudes do profeta. Ele não pode ser um mero visionário. Por acaso, o que é de Deus é ilusão?! Deus pode ser o pai de uma mentira? A História da Salvação para quem tem Fé é um auto-engano? Não. Como Discípulos de Jesus Cristo, somos chamados a ser profetas no Mundo, hoje.

Por fim, que nossas atitudes como filhos de Deus e da Igreja sejam as marcas da credibilidade tão necessária para consecução duma Sociedade onde ainda possa reinar a Verdade e a Justiça. Estas fortalecem as pessoas e a comunidade. Assim o seja!

É melhor ser ouvido

Nos vários recantos do País o Povo se prepara para escolher os seus representantes no exercício do Poder. Alguém, logo poderia rebater esta afirmação, que esse mesmo Povo não está ciente disto; contudo, essa continua sendo a realidade. As vontades são concedidas aos políticos para que os mesmos façam e efetivem o bem da coletividade. Se a pilantragem existe, eis aí outra questão que só caberá aos eleitores tomarem a iniciativa de mudar para melhor. Contudo, vale a indicação sempre necessária duma reformulação do pensar social que torne viável uma democracia fundada nas aptidões humanas fundamentais, como por exemplo, o respeito pela vida, desde a sua concepção até a sua morte natural, educação, moradia, segurança, lazer, comida, saúde e tantos outros bens necessários à integração física, psicológica e social das pessoas.

Quando vemos cidadãos muitas vezes até de formação acadêmica elevada, que vivem aplaudindo políticos despreparados, mesmo sabendo que eles mentem deslavadamente e sem nenhuma proposta legislativa e executiva enganam à massa sofrida, é que é decepcionante! Não adianta se enganar com o engano. Elogiar um incompetente com palmas e assovios é próprio da alienação infiltrada nos meios populares. Não existe líder enganador. Ele é só um aproveitador. Nós estamos na Era da mediocridade. Os valores perderam os fundamentos, que se relativizaram. O sentido da vida só é nutrido pela Verdade e esse horizonte para o qual todos queremos nos encaminhar. Porque alimentar uma mentira quando nós desejamos só a verdade?! A esquizofrenia está acontecendo justamente neste ponto. No mundo da política está sendo apresentado o perfil de líder que é aplaudido para ser ouvido e não ouvido para ser ovacionado. Agora isto sucede por que?! A política naufragou na mentira e agora tem sérias dificuldades para se restabelecer. Há quem diga que a democracia brasileira é uma pilhéria. Sem dúvida porque o nosso povo não é preparado para votar e nem para ser votado. Por incrível que pareça, uma pessoa de caráter tem vergonha de ser político nas nossas comunidades. Sem dúvida isto é terrível para quem sonha ver no poder que emana dos anseios do Povo uma esperança de pensar num melhor, onde a solidariedade e a justiça possam acontecer. Ressalto que esta discussão vale também para os ambientes eclesiais. Nesta situação o elemento indubitável para que esta trans formação aconteça existe, que é a Palavra de Deus. Basta conferir todos os discursos de Jesus sobre o Reino de Deus e o que ele significa. Um cristão não deve nunca se contentar em elogiar e se emparelhar com a mentira. “Às vezes acontece de até sacerdotes entrarem por esta linha; mas, o que se observa é que logo perdem a credibilidade da própria comunidade que deveria ouvi-lo e não só elogiá-lo, isto porque as palmas podem ser fruto da retórica enquanto que a escuta só acontece pela força do testemunho de vida”.

Sendo assim, vamos dar passos para que as nossas vidas, que têm sempre sua dimensão política, possam ser sinais da verdade que liberta os seres humanos das suas próprias mentiras que só lhe fazem sofrer e a seus semelhantes. O Cristão não se contenta com o seu próprio bem; mas sim, com a alegria de todos aqueles que são convidados a participar das festas dos filhos de Deus. Por isso, votemos conscientes e não batamos palmas para os mentirosos e medíocres de carteirinha. Vamos exigir mudanças qualitativas e quantitativas na ação política de nossos representantes. Assim o seja!