São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

sábado, 17 de dezembro de 2011

O Natal e o Pobre

Nos aproximamos da celebração do Natal. A História da Humanidade, para quem crê, tem um ponto de plenitude. O amor é agora não só sentido, mas encarnado. A vida toma sua verdadeira dignidade. O parâmetro é a abundancia dela para todos. Se isto não acontece, Deus aí não está; e se Ele aí não está a dignidade humana fica comprometida.

Quando falamos sobre o Natal, nem sempre lembramos da pessoa do pobre. Este comportamento deveria nos levar a profundos questionamentos. Jesus Cristo nasceu e viveu no meio dos pobres. Demonstrou por eles um amor preferencial, sem ser exclusivo. Devemos ter claro este perspectiva, principalmente se lemos o Evangelho como Boa Notícia que é anunciada para salvação de todos.

O que de fato queremos considerar é o pobre excluído socialmente. Aquele que não goza dos bens que estruturalmente deveriam ser de todos e para todos. O que passa fome, o sem saúde de qualidade, o dependente químico, o desempregado, o que não tem moradia, enfim, o que não tem seus direitos sociais garantidos.

O que será tido como dilema é que uma preocupação com o pobre, que dispensa sua fundamentação cristocêntrica, nos levará a uma ação social sem alma. Deve nos ajudar a refletir o testemunho deixado por grandes santos da Igreja, que viveram essa opção e foram sinais para o mundo de experiências que verdadeiramente marcaram a história ocidental no seu tempo até nossos dias. Quem nega o que representou a ação de Madre Teresa de Calcutá para o mundo atual? A pessoa de irmã Dulce? Estas santas foram pessoas profundamente apaixonadas por Jesus Cristo. Fizeram muito mais do que muitíssimos representantes públicos, sem ter os mesmos recursos que estes.

Jesus tinha um programa de vida que promovia a liberdade e vida para todos, a saber: “o Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor” (Lc. 4,18-19). O tempo de Cristo é bom para todos. A ética cristã não se contenta com a integração de alguns. O aqui e agora é o verdadeiro momento da ação de Deus. O resto é responsabilidade humana.

Por fim, que sejam fortalecidos em nossos corações os sentimentos de partilha e solidariedade para com os mais pobres dos pobres. Feliz Natal para todos e um Feliz Ano Novo! Assim o seja!

domingo, 13 de novembro de 2011

As ONGs: transparência e prestação de contas

Estava a ler uma reportagem, cujo título era: “denúncias apressam marco regulatório para as ONGs” (vide: TN, 13/11/2011). A matéria, confesso-lhes, caros leitores, chamou-me à atenção já que nos vários recantos do nosso País há “alguém” querendo possuir uma organização não governamental.

Existem falas bem pontuais, no texto, quanto à necessidade de se “fiscalizar estas entidades”. Mas aqui não quero me deter em todas as sentenças. No entanto, há algumas que me parecem bem adequadas para fundamentação da finalidade deste ”artigo de opinião” como, por exemplo, o que a presidenta da Abong, Vera Masagão, diz no final da reportagem: “ninguém está acima do bem e do mal, nem gestor público, nem gestor de organização social. O que precisamos é que existam regras que sejam cumpridas. ‘precisamos de transparência’. Acredito, diz ela, firmemente que não há como combater corrupção pelos órgãos de controle porque eles não têm condições de ir a cada canto do País”. E propõe que “exista informação pública sobre os convénios e quem eles atendem”.

A preocupação que, por sinal, é também de outros representantes, é profundamente atual e relevante, já que da mesma forma que são exigidas prestações de contas de outras entidades que recebem “dinheiro público”, o mesmo deve e precisa urgentemente acontecer com estas instituições que recebem muito dinheiro dos entes federativos e que “nunca” dizem ao Povo o que fazem com as altas quantias que são recebidas. A corrupção é abominável em quaisquer órgãos que se auto-intitulam defensoras do bem comum e dos indivíduos. Lembro e ressalto o que acontece quando estas mesmas instituições vivem a disseminar por palavras e ações o desrespeito aos direitos fundamentais das comunidades onde elas atuam, como por exemplo, o assédio moral, pelo perjúrio, difamação e calúnia às pessoas da comunidade, por veículos de comunicação utilizados de modo irresponsável e com o objetivo de intimidar a quem não alimenta a seus interesses económicos e políticos, a agressão aos sentimentos religiosos da maioria da população, chegando ao absurdo de serem invadidos templos cristãos, por integrantes de festividades promovidas por estas organizações que, como já disse, recebem grandes quantias de dinheiro, que infelizmente nem sempre se sabe como é usado e para que verdadeiramente deveria ser usado.

A liberdade religiosa é direito humano. A nossa Constituição Federal no-la garante, como também, o respeito às nossas liturgias e templos. Então cabem as perguntas: será que estas organizações que se dizem defensoras de direitos e que recebem dinheiro desta maioria, que constantemente é desrespeitada em suas tradições e costumes, vão insistir em ofender e agredir às pessoas? É para isto que elas são patrocinadas pelo dinheiro público? O Ministério Público acompanha e fiscaliza estas ONGs? Se não o faz, deveria fazê-lo. Nós esperamos por isto e temos obrigação civil e moral de exigi-lo, já que somos ofendidos e, por porque não dizer, assediados por indivíduos que só pensam em ganhar dinheiro e fazer as pessoas de fantoches e marionetes para que seus interesses económicos sejam garantidos.

O Estado Democrático, que é tido como laico, não pode esquecer que também é de Direito, nem muito menos é ateu. Existe uma tentativa desleal e desonesta de alienar a verdade das ideias e dos fatos. Estão a tentar manipular o significado da Democracia. Vejamos o caso da USP que teve seu património destruído por uma minoria que nem pensou quebrar o que era dela mesma, mas que também pertencia à maioria.

Por fim, fica o questionamento que já é visto como esclarecimento necessário pelos representantes nacionais destas próprias organizações: quando a transparência e a prestação de contas serão apresentadas à população? Todos esperam que o dinheiro público não seja usado para que os direitos já garantidos sejam feridos! As passeatas e as redes sociais poderiam ser usadas para estas ações. Todos aguardam por isto e não por atentados ao bem e a verdade da população. Assim o seja!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O amigo do maligno

A vida nos ensina. A nossa história é sempre a nossa maior mestra. Quem não aproveita os desencontros para crescer e amadurecer ficará  sempre esperando as migalhas dos porcos. Alguns, depois de tantas decepções por causa de suas anomalias, preferem as depreciações e companhias do mal. Precisamos repensar o que significa a presença do maligno. Essa questão que passa necessariamente pelo discurso religioso, que ressurge com toda força e potência nos vários recantos do mundo, tem uma efervescência subjetivada e objetivada devido à crise pela qual passa o Homem posmoderno no tocante ao sentido da vida, instigado e magoado pela mentalidade secularizada, na América Latina e especificamente no Brasil.

Quem se acompanha com bandido e cede às suas chantagens mais cedo ou mais tarde será vitimado por ele. O mal não tem o que perder. Ele sobrevive da desgraça dos outros. Quem pactua com ele, ou ela, está fadado a sofrer profundamente. Ele não tem o que oferecer a ninguém. Quando o faz, com certeza, matará quem o sustenta para sugar outra presa. Infelizmente quem adere às ciladas dos discípulos de satanás não pára para rever a caminhada. Continua maquinando a destruição e infelicidade dos outros. A leitura psiquiátrica é que este tipo de gente é psicopata ou, mais propriamente, um doente mental. Sua ânsia de fazer o mal é continuada. Uma das características destes legionários é que ninguém se aproxima deles por amor. As suas relações são sempre pautadas pela ambição, mentiras, violência, covardia, desonestidade, intrigas, inveja, ganância e por fim a morte e perpétua morada no inferno.

Ele busca o poder e o dinheiro a qualquer preço. Nada o satisfaz. Como filho da mentira, ele só possui a falsidade para parecer alguém. O seu vômito é calúnia, difamação e o perjúrio. Suas maquinações buscam seus interesses a todo custo. Não poderia ser diferente. Sua vida é uma continua farsa. O seu norte é o nada; e para quem já leu o autor de “O Ser e Nada”, a náusea deveras é causada pelo nada. O conteúdo do finito sem o infinito e vice-versa. Onde ele está, o caos se aproxima e tenta tomar posse de tudo para destruir sem nunca poder construir.

Mas existe algo emblemático que os filhos de Deus não podem esquecer é  que “o mal por si se destrói”. O maior inimigo do maligno é ele mesmo e quem o  acompanha. Basta observarmos. Ele não tem identidade. Vive em função dos outros. Ele só procura destruir porque tem consciência da total rejeição que o bem tem a ele. O Bem renega o maligno (cf. Lc 4,1-13; Mt 4,1-11 e Mc 1,12-13). Ele (O Sumo Bem) não aceita suas investidas, suas tentações no intuito de dominar, manipular e escravizar as massas para sugar seu sangue, que garantir-lhe-á muito dinheiro.

Mas quem está na companhia do Senhor jamais desistirá; pois Jesus Cristo rogou a Ele o seguinte: “eu não te peço que os tire do mundo, mas que os guarde do Maligno” (cf. Jo 17,15). Assim o seja!