São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

domingo, 24 de maio de 2009

Anjos e Demônios: Só uma ficção!

Nos cinemas do Brasil está sendo visto outro filme do mesmo autor do Código da Vinci. Para os cinéfilos, temos de reconhecer que é uma boa produção. Um bom enredo com suas intercalações bem lógicas e em contextos significantes e significativos; O ator principal, Tom Hanks, que novamente faz uma brilhante interpretação; e claro as próprias imagens de Roma e da Cidade do Vaticano que, por si, já ilustram a beleza da produção. Mesmo que seja retificado que muitas daquelas imagens são criações cinematográficas, como, por exemplo, o escritório do Papa que é mostrado e outros espaços do Vaticano que sem dúvida, não foram objeto das gravações. Imaginem que as portas do Vaticano seriam abertas para as filmagens daquelas prosopopéias!

O autor dos livros que alicerçaram as tramas dos dois filmes, Brown, sem dúvida não pode ser tido como um historiador no sentido estrito do termo. Isto já é o suficiente para que o que foi e é lido e visto, nas salas dos cinemas e livrarias, possa ser encarado e tratado como o que de fato estes livros e filmes de diversão são, ou seja, uma “ficção literária e cinematográfica”. Ele, o autor, tem certa atenção especial por aquilo que concerne às realidades da Igreja, mais propriamente, às questões vaticanistas e a pontos culturais vinculados a mesma instituição. O Código da Vinci rendeu a ele muita fama e, sem dúvida, muito lucro. Ele atingiu a coletividade naquilo que na Posmodernidade, esta tem de mais vulnerável, que é a sua subjetividade. Theodor W. Adorno, neste contexto, fala duma “indústria da cultura”. Hoje é acolhido pelas pessoas o que é mais acessível e massificado pelos meios de comunicação. A cultura, ela também, se tornou um meio do mercado e do capital se potencializarem. A credibilidade, que é auferida por criações artísticas deste gênero ficcionista, demonstra o quanto de fato os conceitos e formas tradicionais de se pensar, esta cultura, necessitam de reflexões mais contemporaneizadas. Há uma tentativa enigmática e vazia de confundir o que é constitutivo da Civilização. Hoje, devido às redes mundiais de comunicações, podemos dizer que estas confusões atingem o mundo. Muitos autores trabalham a necessidade de uma ética planetária justamente porque o que era problema de um grupo social ou de uma nação em período Premoderno, tornou-se cosmológico na atualidade.

Uma preocupação muito interessante é abordada no desenrolar das falas, a saber: “a relação entre fé e razão”. Esta discussão já está superada pela Igreja faz muito tempo. Aliás, quem sabe História, deve saber muito bem que a Igreja sempre caminhou ao lado da ciência. Até mesmo quando em momentos isolados, elas tiveram pontos de vista diferentes devido aos paradigmas dos quais cada uma partia para sistematizar suas teorias e substanciar seus campos de conhecimento e de poder. Algo incisivamente inquietante é que os livros e os filmes estão sendo vistos por uma grande maioria de jovens que ainda não têm bases epistemológicas bem fundamentadas para verem, analisarem e descobrirem o que pode ser absorvido das intercalações e imagens das produções.

Por fim, o que precisa ser lembrado é que não podemos confundir o real com o virtual e o fictício. Não voltemos, nós outros, a época dos mitos e fábulas da irracionalidade. Quem for ver o filme, que o veja comendo pipoca (se quiser e tiver o dinheiro, rsrsrsrs...!) e com olhar crítico sobre as intenções de quem o produziu. Quanto ao que dizem a respeito da Igreja, bobagens e mais bobagens! Pensem só um padre no conclave dizendo o que os cardeais devem fazer?! Não podemos deixar de ver o que de positivo pode ter para os amantes da boa arte e da cultura no sentido lato do termo que é propaganda dos lugares fantásticos e belos da Cidade Eterna. Quem já morou ou a conheceu o sabe muito bem. Assim o seja!

terça-feira, 12 de maio de 2009

A auto-estima dos professores

Quem acompanha e tem contato com os professores, identifica netamente, na maioria deles, um problema de auto-estima. Basta conversar com eles que perceberá este triste traço de suas personalidades. Eles reclamam de tudo. O salário está baixo; os alunos não prestam; os pais não ajudam; os diretores são incompetentes; os conselhos da escola não funcionam; não tem material didático; a escola não está bem aparelhada com internet e quando se tem não se sabe usar; não se promove a formação permanente; só trabalha na educação por falta de empregos etc, ou seja, há uma série de desafios que estão presentes na vida do professor que afetam agudamente a sua vida.

Convém até denunciar e chamar à atenção dos órgãos e gestores para este preocupante desafio: Como estar a situação da pessoa do professor? Não sinto nenhuma preocupação dos poderes constituídos, nas três instâncias, acerca deste problema. Fala-se da necessidade dos planos nacional, estadual e municipal de educação; mas ainda não se começou a pensar a própria circunstância donde provirão as idéias para a projeção destes projetos. Eles (os professores) continuarão a repetir que as necessidades para o melhoramento da educação do e no nosso país são... e nós concordamos com eles. Ser professor, hoje em dia, é um ato de heroísmo. Mas ser um herói todo chagado pelas dificuldades familiares; falta de hábito estudo; sobrecarga de trabalho; massificação da mídia; insegurança nas próprias escolas; e outras intempéries tornam mais difíceis e instigam ainda mais as chagas. Outra característica que pode servir de diagnóstico é indiferença pelos problemas da própria comunidade. Os professores são as pessoas que mais têm condições de detectar as mazelas presentes no meio; mas permanecem no que vêem, poucos pensam em transformar a situação pela via da educação. Eles não acreditam que podem e devem fazer a diferença no processo de mudança pessoal e social da comunidade. Há uma preocupante crise de valores e disto nós já temos consciência; porém se aqueles que têm a nobre missão de formar pessoas estão humanamente desestruturados, o que eles poderão fazer como mestres da sala de aula e da vida? Um dia, numa semana pedagógica, eu fiz esta observação e muitos ficaram inquietos; contudo, eu insisto que deve-se pensar a questão como condição sem a qual a própria educação não será credível como arte de integração da pessoa com o mundo e consigo. Já tem muita gente que não estar acreditando na educação como meio de realização da dignidade humana. Pois, como é notório, há presidentes da República que afirmam que não se precisa estudar para ser o cara; há políticos e mais políticos que não importam-se com a opinião pública, esquecendo-se que estão representando esta mesma, no congresso; artistas e apresentadores de televisão, medíocres intelectualmente, ganhando fortunas; jogadores de futebol que ganham milhões para fazer um comercial; pastores neopentencostais que vendem curas a preço de batata; juizes do Supremo Tribunal Federal que menosprezam a pouca confiança, que ainda se tem, na justiça deste Estado, que dizem ser democrático e de direito.

Enfim, queridos professores, se vocês tomarem consciência da importância que tiveram, têm e sempre terão para a humanidade, sem dúvida, estarão dando o primeiro passo para se amarem mais e buscarem a construção permanente da vossa dignidade humana e profissional. Não há nenhuma outra profissão que não precise do vosso ministério. Mudemos esta situação de tantas injustiças e mediocridade. Cuidem da vossa vida pessoal, estudem muito, celebrem a vida, tenham uma espiritualidade pascal, façam boas escolhas e o tempo vos dirá o quanto sois importantes para história e para a vida de cada um de nós. Assim o seja!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

As estradas da Região Agreste

Nós ainda não estamos em período de campanha para o governo do Estado. Tudo parece tão calmo na nossa região que se pensa que os votos dos habitantes desta porção do povo potiguar nem tem tanto valor. Me parece que no momento as querelas dos espaços políticos giram mais em torno da derrubada do Machadão. Mas é assim; há aqueles que são a favor e aqueles que são contra. Quem estiver lendo o que escrevo, pode dizer que não acrescentei nada à Babel das ideologias jornalísticas e marketeiras; contudo, o que quero dizer é que todos têm seus interesses e quem tiver mais poder econômico é que levará a vantagem. Sendo que toda boa política não prescinde da discussão, precisamos continuar dizendo o que pensamos e o que acreditamos. Por isso, ratificamos que a política tem por finalidade buscar o Bem Comum; e não os interesses de políticos corruptos e omissos diante de desafios tão prementes. Citei a situação tão debatida das questões da Copa; mas, os problemas urgentes do nosso Estado não podem ser no momento só este; como também, as enchentes do Vale do Assu, os problemas da segurança pública, o caos da saúde, a acefalia estrutural da educação, a maldita corrupção dos políticos que são causa de opressão das classes menos favorecidas das nossas comunidades e, ainda, contudo não menos importante, “a situação das estradas da região Agreste”.

O contexto é decadente. As estradas estão esburacadas. Nalgumas delas já há travessias de torrentes d’água. Acidentes acontecem por causa dos desvios que os motoristas têm que fazer para evitar as ‘bocas de pilão’ que danificam os carros velhos que para muitos pais de família são a única fonte de renda para o sustento de seus dependentes. Pode haver algum demagogo que talvez queira alegar que as rodovias ainda não foram refeitas por causa das chuvas. Mentira! Já faz muito tempo que as estradas estão precisando de concertos. Como para eles pouco interessa; pois a maioria deles não mora nesta região e quando aparecem vem bem motorizados nos seus belos e confortáveis carros, os solavancos e desvios perigosos não importam. Mas quando for o tempo da campanha para o governo do Estado estarão eles a sofismar e a enganar as pessoas que infelizmente são ludibriadas com promessas falsas que são expressão da incompetência humana dos que se dizem representantes da vontade popular. Há que se ressaltar que muito mais se é gasto pelo Estado e municípios nos reparos dos carros que são bens públicos. As ambulâncias, os carros da polícia, os ônibus dos estudantes e outros meios de transportes locados pelos próprios municípios por causa dos programas do governo federal, que também são extraviados. Conseqüentemente, outro elemento que se detecta é a falta de capacidade administrativa da grande maioria.

Neste caso o interesse é de toda a região; por isso, deve haver uma articulação política de todos os prefeitos destas cidades junto ao governo do estado e aos demais representantes políticos deste setor, para que este problema que nos assola seja resolvido. Não esperem para gritar e desastrosamente tomarem alguma atitude no tempo das eleições. É sinal de muita mediocridade. O problema exige uma providência imediata e que seja um trabalho bem feito, sem super faturamento de obras, que fazem com que em pouco tempo as estradas estejam na mesma situação.

Por fim, “quem está contra o bem do povo está pecando contra a confiança que lhe foi depositada. Esperamos que haja uma vontade política que, um dia, possa gerir com dignidade e justiça o Bem Comum. O povo desta região também tem seus direitos e precisam ser respeitados. 300 Milhões de dólares serão gastos para que 2 jogos da Copa sejam em Natal, em 2014. Que as nossas estradas também possam ser vistas como uma prioridade dos nossos governantes. Assim o seja!

Até Deus quer Maria como Mãe

"Mãe é um dom tão precioso, que até Deus quer ter uma". A Igreja de Cristo homenageia, de modo mais especial durante o mês de Maio, a pessoa de Maria, a Mãe de Deus. Quem não tem um conhecimento mais específico da teologia católica, pode querer saber o porquê desta expressão. Muito bem! É justo e necessário que se justifique o motivo que faz com a Igreja atribua a Maria esta qualificação. Segundo o Catecismo Católico, ela é "denominada nos Evangelhos 'a Mãe de Jesus' (Jo 2,1; 19,25, Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito, desde antes do nascimento do seu Filho, como 'a Mãe do meu Senhor' (Lc 1,43). Com efeito Aquele que ela concebeu do Espírito Santo como homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne, não é outro que o Filho eterno do Pai, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos)" (CIC 495; DS Cf. DS 251).

O que é sublinhado nesta realização, que tem seu ponto de partida sempre na gratuidade de Deus, é a liberdade de Nossa Senhora em aceitar na sua história pessoal, o que é desígnio da História da Salvação, que é de Deus. A humanidade de Jesus tem na humanidade da Virgem o seu fulcro antropológico. A encarnação do verbo (Jo 1,14), possibilita que por causa da corporalidade de Nossa Senhora seja perceptível a forma própria de se poder confirmar que Jesus é semelhante a nós, exceto no pecado. A plenitude do tempo de Deus é acolhida por Aquela que precedeu todos os cristãos no livre arbítrio de arraigar o Reino de Deus, no tempo e no espaço (Gl 4,4; Mc 1,15). O mesmo Catecismo Católico, citando Santo Agostinho, assinala que a "Virgem Maria (...) é reconhecida e honrada como a verdadeira Mãe de Deus e do Redentor. (...) Ela é também verdadeiramente 'Mãe dos membros de Cristo (...) porque cooperou pela caridade para que na Igreja nascessem os fiéis que são membros desta Cabeça. (...) Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja". (CIC 963).

A vocação de Maria à maternidade divina é concomitante à sua liberdade. Por isso que a Igreja convida todos os filhos de Deus a aprenderem na escola de Maria. O faça-se a tua vontade, emitido da boca de Maria, é a lição da pedagoga do Evangelho por excelência. O Magnificat que é cantado por Maria (Lc 1,46-55) pode ser tido como a cartilha que mostra o modo de viver a vontade divina em meio aos sinais dos tempos.

Se Deus quis que esta mulher fosse a Mãe do Seu Filho, porque muitos de nós cristãos, não entendemos a importância histórica de Maria Santíssima na revelação da vontade amorosa do Deus da vida? A Igreja nunca disse que a Mãe de Jesus ocupa o lugar, que é só Dele, na salvação do gênero humano. Falar de Maria como intercessora nossa, não é um absurdo teológico (Jo 2,1-11). Jesus não é intercessor, porque Ele é Deus. É consubstancial ao Pai. Se fala de Jesus como Mediador, por causa da sua missão histórica, pré e pós pascal. Ele é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). Há alguém que duvide disto?

Enfim, no dia dedicado a todas vós, as mães, e que sois tão queridas e maravilhosas, aprendais do testemunho e da vida da Virgem Maria, esta que Deus quis como Mãe do Seu Filho, como vós também possais fazer parte da sua ação salvífica e como a vossa dignidade não é conferida por nenhum outro; mas por Deus mesmo. Se nós existimos como filhos é porque vós existis como mães. Jesus também sentiu estes mesmos sentimentos. Se Ele, que é o único e eterno Salvador, aceitou a presença da sua Mãe até os últimos momentos da sua Páscoa e no próprio surgimento da Sua Igreja nascente (At 1,14), é porque até Deus fica feliz em ter uma mulher por Mãe. Parabéns a todas as mães e que Maria, Mãe de todas nós interceda por vós! Assim o seja!