São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

terça-feira, 12 de maio de 2009

A auto-estima dos professores

Quem acompanha e tem contato com os professores, identifica netamente, na maioria deles, um problema de auto-estima. Basta conversar com eles que perceberá este triste traço de suas personalidades. Eles reclamam de tudo. O salário está baixo; os alunos não prestam; os pais não ajudam; os diretores são incompetentes; os conselhos da escola não funcionam; não tem material didático; a escola não está bem aparelhada com internet e quando se tem não se sabe usar; não se promove a formação permanente; só trabalha na educação por falta de empregos etc, ou seja, há uma série de desafios que estão presentes na vida do professor que afetam agudamente a sua vida.

Convém até denunciar e chamar à atenção dos órgãos e gestores para este preocupante desafio: Como estar a situação da pessoa do professor? Não sinto nenhuma preocupação dos poderes constituídos, nas três instâncias, acerca deste problema. Fala-se da necessidade dos planos nacional, estadual e municipal de educação; mas ainda não se começou a pensar a própria circunstância donde provirão as idéias para a projeção destes projetos. Eles (os professores) continuarão a repetir que as necessidades para o melhoramento da educação do e no nosso país são... e nós concordamos com eles. Ser professor, hoje em dia, é um ato de heroísmo. Mas ser um herói todo chagado pelas dificuldades familiares; falta de hábito estudo; sobrecarga de trabalho; massificação da mídia; insegurança nas próprias escolas; e outras intempéries tornam mais difíceis e instigam ainda mais as chagas. Outra característica que pode servir de diagnóstico é indiferença pelos problemas da própria comunidade. Os professores são as pessoas que mais têm condições de detectar as mazelas presentes no meio; mas permanecem no que vêem, poucos pensam em transformar a situação pela via da educação. Eles não acreditam que podem e devem fazer a diferença no processo de mudança pessoal e social da comunidade. Há uma preocupante crise de valores e disto nós já temos consciência; porém se aqueles que têm a nobre missão de formar pessoas estão humanamente desestruturados, o que eles poderão fazer como mestres da sala de aula e da vida? Um dia, numa semana pedagógica, eu fiz esta observação e muitos ficaram inquietos; contudo, eu insisto que deve-se pensar a questão como condição sem a qual a própria educação não será credível como arte de integração da pessoa com o mundo e consigo. Já tem muita gente que não estar acreditando na educação como meio de realização da dignidade humana. Pois, como é notório, há presidentes da República que afirmam que não se precisa estudar para ser o cara; há políticos e mais políticos que não importam-se com a opinião pública, esquecendo-se que estão representando esta mesma, no congresso; artistas e apresentadores de televisão, medíocres intelectualmente, ganhando fortunas; jogadores de futebol que ganham milhões para fazer um comercial; pastores neopentencostais que vendem curas a preço de batata; juizes do Supremo Tribunal Federal que menosprezam a pouca confiança, que ainda se tem, na justiça deste Estado, que dizem ser democrático e de direito.

Enfim, queridos professores, se vocês tomarem consciência da importância que tiveram, têm e sempre terão para a humanidade, sem dúvida, estarão dando o primeiro passo para se amarem mais e buscarem a construção permanente da vossa dignidade humana e profissional. Não há nenhuma outra profissão que não precise do vosso ministério. Mudemos esta situação de tantas injustiças e mediocridade. Cuidem da vossa vida pessoal, estudem muito, celebrem a vida, tenham uma espiritualidade pascal, façam boas escolhas e o tempo vos dirá o quanto sois importantes para história e para a vida de cada um de nós. Assim o seja!