São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

É melhor ser ouvido

Nos vários recantos do País o Povo se prepara para escolher os seus representantes no exercício do Poder. Alguém, logo poderia rebater esta afirmação, que esse mesmo Povo não está ciente disto; contudo, essa continua sendo a realidade. As vontades são concedidas aos políticos para que os mesmos façam e efetivem o bem da coletividade. Se a pilantragem existe, eis aí outra questão que só caberá aos eleitores tomarem a iniciativa de mudar para melhor. Contudo, vale a indicação sempre necessária duma reformulação do pensar social que torne viável uma democracia fundada nas aptidões humanas fundamentais, como por exemplo, o respeito pela vida, desde a sua concepção até a sua morte natural, educação, moradia, segurança, lazer, comida, saúde e tantos outros bens necessários à integração física, psicológica e social das pessoas.

Quando vemos cidadãos muitas vezes até de formação acadêmica elevada, que vivem aplaudindo políticos despreparados, mesmo sabendo que eles mentem deslavadamente e sem nenhuma proposta legislativa e executiva enganam à massa sofrida, é que é decepcionante! Não adianta se enganar com o engano. Elogiar um incompetente com palmas e assovios é próprio da alienação infiltrada nos meios populares. Não existe líder enganador. Ele é só um aproveitador. Nós estamos na Era da mediocridade. Os valores perderam os fundamentos, que se relativizaram. O sentido da vida só é nutrido pela Verdade e esse horizonte para o qual todos queremos nos encaminhar. Porque alimentar uma mentira quando nós desejamos só a verdade?! A esquizofrenia está acontecendo justamente neste ponto. No mundo da política está sendo apresentado o perfil de líder que é aplaudido para ser ouvido e não ouvido para ser ovacionado. Agora isto sucede por que?! A política naufragou na mentira e agora tem sérias dificuldades para se restabelecer. Há quem diga que a democracia brasileira é uma pilhéria. Sem dúvida porque o nosso povo não é preparado para votar e nem para ser votado. Por incrível que pareça, uma pessoa de caráter tem vergonha de ser político nas nossas comunidades. Sem dúvida isto é terrível para quem sonha ver no poder que emana dos anseios do Povo uma esperança de pensar num melhor, onde a solidariedade e a justiça possam acontecer. Ressalto que esta discussão vale também para os ambientes eclesiais. Nesta situação o elemento indubitável para que esta trans formação aconteça existe, que é a Palavra de Deus. Basta conferir todos os discursos de Jesus sobre o Reino de Deus e o que ele significa. Um cristão não deve nunca se contentar em elogiar e se emparelhar com a mentira. “Às vezes acontece de até sacerdotes entrarem por esta linha; mas, o que se observa é que logo perdem a credibilidade da própria comunidade que deveria ouvi-lo e não só elogiá-lo, isto porque as palmas podem ser fruto da retórica enquanto que a escuta só acontece pela força do testemunho de vida”.

Sendo assim, vamos dar passos para que as nossas vidas, que têm sempre sua dimensão política, possam ser sinais da verdade que liberta os seres humanos das suas próprias mentiras que só lhe fazem sofrer e a seus semelhantes. O Cristão não se contenta com o seu próprio bem; mas sim, com a alegria de todos aqueles que são convidados a participar das festas dos filhos de Deus. Por isso, votemos conscientes e não batamos palmas para os mentirosos e medíocres de carteirinha. Vamos exigir mudanças qualitativas e quantitativas na ação política de nossos representantes. Assim o seja!