Mais uma vez, a Igreja do Brasil, através da CNBB, está para fazer conhecido o tema da CF 2009, que é: “Fraternidade e segurança pública” e o seu lema: “A paz é fruto da justiça (Is 32,17)”. O organismo pretende, com esta Campanha, debater a segurança pública, com a finalidade de colaborar na criação de condições para que o Evangelho seja mais bem vivido em nossa sociedade por meio da promoção de uma cultura da paz, fundamentada na justiça social (cf. Texto base-apresentação).
Como qualquer atitude que faça parte dos reconhecidos processos duma sociedade democratizada, há que se pensar a questão da segurança pública de modo conjuntural. As várias instituições representativas deste Estado, que se diz democrático e de direito, precisam pensar a possibilidade da harmonia social pela via da responsabilidade individual e coletiva.
Não podemos dispensar nenhum agente detentor de poder e, sendo assim, numa perspectiva personalista, todos devem contribuir para que o projeto duma paz embasada em princípios humanos e num necessário código de ética comum, possa se realizar. As reais condições da formação para uma cultura da paz depende de cada um de nós. Mas, para que isso aconteça, urge, ao próprio Estado e às suas várias instâncias, de que modo ele está veiculando as possibilidades e garantias para que tal intento chegue a sua concretização.
A Igreja continua tendo um papel muito importante neste processo. A sua capilaridade e projeção nos vários espaços do País garante-lhe uma importância e missão sem igual. A sua credibilidade possibilita a injeção performativa, pela força da Palavra de Deus e dos seus vários outros canais, de milhões de fiéis que buscam incessantemente o verdadeiro sentido da paz, não só externa, mas antes de tudo interna. Se o Estado não tiver uma clareza antropológica sobre a importância da dignidade humana, não conseguirá tratar da problemática da segurança pública de modo eficiente e eficaz. O Papa Paulo VI afirmou que a Igreja é perita em humanidade. Esta sentença vem sendo lembrada constantemente por aqueles que reconhecem a importância da Igreja no processo civilizatório do ocidente. Por isso, contextualizar o fim social da Campanha da Fraternidade para a sociedade brasileira, tão massacrada pelas desgraças e atrocidades que assolam a vida de tantos cristãos e cidadãos que sofrem as consequências das várias formas de violências, é de suma importância para todos nós.
Por isso, este ano, a CF tem por objetivo geral “suscitar o debate sobre a segurança pública e contribuir para a promoção da ‘cultura da paz’ nas pessoas, na família, na comunidade e na sociedade, a fim de que todos se empenhem efetivamente na construção da justiça social que seja garantia de segurança para todos. A paz buscada é a paz positiva, orientada por valores humanos como a solidariedade, a fraternidade, o respeito ao ‘outro’ e a mediação pacífica dos conflitos, e não a paz negativa, orientada pelo uso da força das armas, a intolerância com os ‘diferentes’ e tendo como foco os bens materiais (Texto base, n. 4)”.
Por fim, conclamamos a todos que, interinstitucionalmente, trabalhemos e unamos esforços para esta conquista: representantes do Poder Executivo, o Legislativo, o Judiciário, o Ministério Público, a OAB, os Meios de Comunicação, as Escolas e Universidades, a Polícia, as ONGs, as comunidades cristãos etc. Pois disse Jesus: “Felizes os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus (Mt. 5, 9-10)”. Assim o seja!