Quantas pessoas não passam pela nossa passageira vida?! São os transeuntes dos quais, na grande maioria das vezes, não nos apercebemos o quanto são importantes. Elas vêm e vão cotidianamente. Do nascer ao morrer da nossa existência estão, como que, a minimizar e engrandecer o que já somos. Isto porque nos constituimos nas pessoas dos nossos pais, dos nossos demais parentes, dos amigos, dos professores, dos catequistas, dos amores, dos formadores, dos desafetos, dos que nos fazem o bem, dos que nos fazem mal, dos que dizem sim aos nossos desejos, dos que dizem não aos nossos sonhos, dos que elevam nosso bem estar, dos que tentam vilipendiar a nossa auto-estima, dos nos dignificam com suas presenças, dos que nos contentam com suas ausências, dos que nos enchem de esperança, dos que dificultam a nossa alegria, dos nos amam pelo que somos, dos que fingem nos amar pelo que temos... e quantas mais não poderiam ser elecandas aqui! Mas cada um fará sua imagem dos vários tipos que passam pelas suas vivências querendo simplesmente, e, mais que maravilhosamente, ser feliz.
As nossas relações sempre são pessoais ou impessoais. Quando tidas diretamente são meios de alegrias e satisfações, tristezas e incompreensões, concórdia e paz, mentiras e injustiças, valores e amores, sofrimentos e covardias etc. Em meio ao vai e vem de cada tempo presente estão as escolhas que nos afinam com as várias propostas que nós, como sujeitos, oferecemos; e como objetos, recebemos. Os intercâmbios de dons e gratuidades que são agregados é que firmarão as nossas personalidades. Estas, por sua vez, se forem ornamentadas com os obséquios que engrandecem às nossas almas, nossas existências.
Para nós, latino-americanos, estas atitudes ainda estão presentes. Nós somos mais livres nos nossos relecionamentos. Temos calor humano, nos preocupamos mais com nossos vizinhos, somos mais solidários e gratos pelo dom e o amor recebidos, vivemos mais a comunidade e a alegria de estar junto, perfuramos os invólucros da indiferença, que é o pior desestimulo para aqueles que muitas vezes esperam muito mais uma atenção e um gesto de carinho do que uma moeda dada sem um olhar afetuoso e amigo. Em visita a um país europeu senti de perto como é o estilo de vida de quem se aprisiona naquilo que os bens materiais podem oferecer. Não é a toa que nestes paises há um grande índice de jovens que se suicidam. Os jovens são o simbolo humano do sentido da vivacidade. Tirar a possibilidade que eles têm de poderem manifestar a alegria é querer atrofiá-los. Por isso, valorizemos o que é próprio de cada fase da vida humana: as crianças, os jovens, os adultos e os idosos. Não o fazemos, o que resta de possibilidade de compreensão da psicologia humana, em suas várias etapas de desenvolvimento? Nós fazemos parte da história quando deixamos que ela também faça parte de nós. E isto só acontece quando nos relacionamos e deixamos que cada um possa ser aquilo que é e como gostaria de ser. Sendo assim, visualizemos cada pessoa que passa pelas nossas efêmeras e insastifeitas vidas. Ai de nós se não valorizarmos e não nos deixarmos valorizar por todos estes que sorriem, que choram, que gritam, ou seja, que demonstram que conosco estão vivendo! Seja nos amando, seja nos odiando, seja querendo a nossa felicidade ou não querendo-a; enfim, as pessoas estão aí e como nós as tratamos? Nós as vemos como imagem e semelhança de Deus? Reconhecê-las como tais é poder nos envolvermos com aquilo que é delas e que, na interação, passa a ser nosso. Caros irmãos, cuidemos das pessoas que passam, a cada momento, pelas nossas vidas!
Por fim, Jesus olhava com amor a todas as pessoas que se aproximaram Dele. Basta que leiamos os evangelhos com atenção. Jesus não discriminava ninguém. Jesus acolhia a todos. Mesmo quem diz que não O aceita, deve a este Salvador, o modo mais sublime de amar o Outro. Quem não quer vê-Lo na cruz nem mesmo em repartições públicas vai tirar da sua frente a Única pessoa que sempre passa por sua vida e você ainda não A amou. Ele olha por nós porque sem Ele não temos resposta para o que mais queremos saber de nós mesmos. Não perceberemos o significado e o valor dos outros se não tivermos em nós os mesmos sentimentos de Cristo (Fl 2,5). Assim o seja!