Nós, os padres da Arquidiocese de Natal, estamos no nosso retiro anual. Juntamente com o nosso Arcebispo, D. Matias Patrício de Macedo, fazemos a experiência da comunhão presbiteral. Para nós é tempo de graça, ou seja, da manifestação da presença de Jesus que nos diz, pela Palavra "Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim: a fim de que todos sejam um (Cf. Jo 17,20-21a)". A nossa espiritualidade cristã passa necessariamente pelo encontro. Nós presbíteros devemos dar este testemunho ao mundo. O Documento de Aparecida nos convoca novamente a esta atitude. Para que esta palavra aconteça se faz mister o 'encontro pessoal com Jesus, que acontece na comunidade, alimentado pelos sinais manifestadores da real presença de Deus em nosso meio. A comunhão presbiteral é um dos meios pelos quais nós dizemos ao querido Povo de Deus que nós acreditamos no que pregamos. Não esqueçamos que é oração do próprio Jesus que todos sejam um (Idem). No nosso retiro, mais do que reunir-nos para ouvir as palavras do pregador, que este ano é o D. José Maria Pires, Arcebispo emérito de João Pessoa, nos encontramos como Presbitério para experienciar a unidade. Nós não podemos pecar contra a unidade da Igreja. Seria uma indiferença às palavras do próprio Jesus.
Às nossas queridas comunidades: rezem pelo clero! Apóiem os presbíteros na missão, que por sinal é de todos os cristãos. Aqui, onde se realiza o retiro, nós rezamos por todos vós. A razão de ser do nosso ministério sois vós. O coração do presbítero que tem consciência da sua identidade alegra-se com o vosso bem. O nosso encanto deve voltar-se para o que de fato vós esperais de nós. Esse encontro da espera e da doação deve acontecer sempre. Certamente, o sentido do retiro tem a ver com a preocupação da Igreja com cada filho seu. O Presbítero deve ser um homem de relação com Deus. Por isso, a comunhão que possibilita que todos sejam um, como o Pai e o Filho, precisa ser a nossa meta.
Infelizmente, alguns irmãos no ministério, por causas justificáveis, não puderam estar conosco. Por motivos diversos: saúde, idade, questões acadêmicas etc. Contudo, a certeza de formamos um só corpo nos une pela oração. Presbítero que se isola da missão comum da Igreja e da comunhão com seu Bispo atrofia a causa imediata do seu ser sacerdotal. Mesmo participando do Único Sacerdócio de Cristo, é pela comunhão que se materializa a unidade sob a ação do Espírito de Deus em nosso meio. Nenhum outro retiro substitui este momento de encontro do clero da Igreja particular. Quando nos encontramos somos fortalecidos e nos animamos para a Missão.
Por fim, o testemunho deixado a todos os cristãos é que nos consagramos para vossa felicidade. O Presbítero que não nutre esta perspectiva ministerial, normalmente se frustra. Então, mesmo como vossos servidores não esqueçam da humanidade do presbítero. A vida cristã vive e acontece pela caridade. A espiritualidade do Presbítero está vinculada de forma intrínseca à mística cristã. Mais uma vez no nosso retiro queremos tonificar esse propósito para nossas vidas. A oração sacerdotal de Jesus (Cf. Jo 17) é um ótimo instrumento de reflexão para o aprofundamento do sentido do sacerdócio. Às nossas comunidades a confirmação de que estamos e somos felizes porque nos consagramos a vós e a todos nós presbíteros da Arquidiocese de Natal que alimentemos, pelo encontro com Jesus na face do irmão presbítero, o nosso propósito de promover a unidade para que o mundo creia (Cf. Jo 17,21b).