O caos é a expressão humana e natural da desordem. Tudo se configura na falta de adequação da realidade. O homem necessita da harmonia circunstancial para viver o presente. Quem tenta proporcionar e fomentar o caos, nele se perde. Ele é forma a visível e imanente do Mal. O contentamento que há por parte de quem busca este tipo de desencontro nunca é duradouro. Uma das tantas características dos amantes da confusão é a infelicidade. São pessoas profundamente insatisfeitas com a vida e com o mundo. O sentimento de angústia permeia sua existência. Há um “não senso” para o que estas pessoas fazem. Elas não consideram as conseqüências de suas ações. Elas relativizam tudo. Elas não se amam. Quiçá, venha aqui outra peculiaridade destas personalidades, que é a falta de reflexão sobre a finalidade ética de cada ação. A bipolaridade entre o que é o ser humano e suas atitudes não é encarada em sua totalidade interna e relacional. Uma das grandes questões “revoltantes” da Posmodernidade é esta falta de “pré-visão” dos bens e dos males que podem advir como fruto das nossas atitudes revoltantes no futuro, profetizava Camus (cf. O Homem Revoltado). Por sinal, estão a confundir o que seja o revoltado e o revolucionário. “Todo homem revoltado pode vir a ser um revolucionário; mas, nem todo revolucionário é um revoltado”. Vale a pena ler e pensar sobre esta questão; pois, o humano Hipermoderno, principalmente, depois dos anos sessenta, veio a ser revolucionário; mas, não ainda, revoltado, sendo este um amante do Bem.
Os amantes do caos estão em todos os lugares. Na família, na escola, na igreja, no estado e na sociedade. Estas instituições são constituídas pelo homem e devem estar a serviço do mesmo. Aqui vemos uma tensão dialógica que internamente questiona a própria existência e externamente o que e quem pode limitá-la. As comunidades humanas reconhecidas podem “esclarecer” o que é o homem? Se podem, por que o caos, em todos os espaços e tempos, ganha poder e existência através das várias frustrações e depressões que assolam a condição humana? Os responsáveis pelo real Bem Comum precisam repensar as intenções e metodologias das ações que elevem a Vida à sua Plenitude. Para que a felicidade das pessoas não seja denegrida pelos que desejam o mal, um passo muito importante a ser dado é a comunhão entre o que é estético e o bem. Um dos grandes dilemas epistemológicos e práticos da Era nihilista é a separação entre ambos. Nem tudo que é belo é bom e nem tudo que é bom é belo. Prefiro deixar a assertiva no geral para que ela possa ser configurada em todos os tempos. Quando é inteligida a História Universal, se constata que os amantes do caos estiveram presentes em todos os espaços. Por isso que a possibilidade de pensar o belo, sem esperar a realização total do bem é uma das grandes loucuras do demasiado humano. Com a afirmação da morte de Deus no ethos ocidental, os amantes do caos tiveram e têm a delicada incumbência de viver com o eclipse de valores universais das várias instâncias absolutistas do poder temporal, a começar pelo próprio estado. Daí também se questionar sobre a aceitação das conseqüências antropológicas e cosmológicas desta falta dum poder que deve limitar outro poder?!
Por fim, façamos a experiência do encontro pessoal com a situação concreta, a saber: O que nós somos? Como nos comportamos diante do sofrimento? Nós temos respostas para ele em nossas vidas e em tudo que tem vida? As pessoas que dão sentido ao mal com suas liberdades, valorizam mais a infelicidade do que a felicidade. Para se sentirem alguém precisam viver em função do mal e com o mal. Jesus diz: “Ó Pai! Tudo é possível para ti: afasta de mim este cálice; porém, não o que eu quero, mas o que tu queres (cf. Mc 14,36)”. Ele quer o belo e bem. Ele deseja a comunhão. Assim o seja!