Nós devemos amar a nossa Igreja. Ela é a nossa mãe. Por ela nós recebemos a “transfusão do sangue do Cordeiro”(Bento XVI). Por ela nós somos consagrados, no nosso batismo, à Trindade Santa. Por ela nós recebemos a Palavra que foi canonizada pela sua Tradição e confirmada como Verbo de Deus (cf. Jo 1,1-2). “A Igreja é em Cristo como que o sacramento ou sinal e instrumento da união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (cf. Concílio Vat. II. LG, 1). Por ela recebemos os sacramentos que os sinais da graça de Deus na vida dos seus filhos. Ela é o corpo de Cristo. Ela é realidade visível e espiritual da econômica “cristológica” do Filho.
O Concílio fala desta Igreja como “Povo de Deus”. Nós somos a Igreja. Ainda é muito confusa a concepção do que é e quem ela seja, por parte dos seus filhos. Essa verdade vem carregada de responsabilidades. Quem é da Igreja precisa alimentar o seu amor por ela. Como é triste vem um filho da Igreja que a vilipendia. Essa configuração da filiação divina, pela ação criadora, redentora e salvífica do Pai é reconhecida sobrenaturalmente pela ação visível da Igreja símbolo universal da comunhão divina. Esta mesma comunhão só pode realizar-se pela possibilidade da aceitação e conversão dos filhos de Deus, que devem se tornar discípulos do Filho e colaboradores do Espírito Santo na missão de anunciar o Reino de Deus. Neste mesmo, “o mistério da santa Igreja se manifesta, pois, desde sua própria fundação. O Senhor Jesus deu início a sua Igreja pregando a boa nova, isto é, a vinda deste Reino, prometido há séculos pelas Escrituras” (cf. LG, 5).
O maior e mais profundo sinal da comunhão e missão da Igreja é a Eucaristia. Ela é o sinal da unidade da comunidade fiel ao projeto de Jesus Cristo. Ela é o grande Dom do Salvador doado aos seus discípulos, pela sua Igreja. Uma comunidade cristã que não celebra e vive a Eucaristia, não sabe e nem pode experienciar o significado teológico e eclesial do que Jesus rogou ao Pai, a saber: “a fim de que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que me enviaste” (cf. Jo 17,21). Como isto pode acontecer sem a mistagogia eucarística, como Mistério da Fé, para dar sustentação teológica, cristológica, espiritual e eclesial, no tempo de Deus e no espaço dos homens, da integral comunhão entre os fiéis? Por isso que, pensar na possibilidade do ecumenismo, por exemplo, exige da nossa parte a clareza da nossa identidade, que, por sua vez, não nega a necessidade do diálogo com outras comunidades cristãs. Na Igreja católica o sinal visível de unidade e comunhão eclesial é o Papa, que por confirmação do próprio Mestre que disse: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Hades nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus” (cf. Mt 16,18-19).
Por tudo isto e muito mais, a nossa experiência de fé precisa da Igreja como meio objetivo da vinculação ao mistério de Deus que se revela. A Igreja é sujeito e ao mesmo tempo objeto da pregação e comunhão histórica com o que é da Trindade. Por ela o que é da fé e da esperança toma forma para ser amor. Por ela, o mistério da salvação é sempre atual (cf. Ef. 1,3-14). Cristo amou esta Igreja e por ela se entregou (Idem. 5,25). Nós somos chamados a amar esta Igreja que somos nós com nossas culpas e, também, nossa santidade. Cristo confia em nós. Como não amar quem me deu a vida na graça continuada do amor de Deus? Como eu poderia firmemente está com o Senhor sem o amor e a comunhão com esta Igreja? Caros irmãos, amemos a Igreja! Assim o seja!