São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Política da vida X Política da morte

Jesus um dia disse: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis dar fruto se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, dará muito fruto (cf. Jo 15,4-5a)”. Não é incoerência teológica pensar e falar da esperança política de Deus na ação construtiva dos homens, por um mundo melhor. A leitura da Palavra de Deus terá, sim, uma conotação política sempre universal. Mas claro que, o conceito de universal não dispensa nunca o particular. O que é de Deus, para quem tem fé, realiza-se em cada momento do crente, ou seja, daquele que faz a experiência com o mistério qualificado pelo amor (cf. Jo 15,17), na comunidade, com o Outro. A política de Jesus Cristo, que é a Revelação do que está na mente e no coração de Deus para a Humanidade, é da vida (cf. Jo 6,35; 7,38; 10,10b-11) e graças às condições de liberdade concedidas pelo próprio Senhor, ao nos criar seres de vontade e inteligência para podermos viver em comunhão seguindo o que é próprio do projeto do Reino de Deus que se configura na justiça, partilha, solidariedade, fraternidade, cuidado, verdade, honestidade etc. Os evangelistas retratam todas estas práticas, que são de Jesus na história (cf. Evangelhos sinóticos, Mc, Mt e Lc); mas deste a eternidade (cf. Evangelho de Jo).

Infelizmente, como protagonista da política da morte está o ladrão que vem para roubar, matar e destruir (cf. Jo 10,10a). Novamente é fundamental a indicação da leitura atenta e inteligente dos evangelhos. Comparemos a postura de Jesus e dos homens que por falta de fé não aderiram nem aceitam ao postulado contundente de que a conversão para Deus é necessária para o bem do individual na coletividade e da coletividade para o individual! A política de hoje tira a vida. Os políticos que não fazem a experiência da justiça são como parasitas. Eles prejudicam o bem-estar dos outros seres humanos através das atitudes de injustiças, corrupção, violência e tiram dos mais pobres as possibilidades de fazer o que é necessário para o bem comum. Diferentemente da proposta evangélica, a permanência dos ramos nestas árvores significará que a esperança dum mundo mais justo e solidário só será possível, nas atuais circunstâncias, para um grupo. É esta política que causa mortes de inocentes por falta de segurança; é esta política que não garante a saúde para milhões de brasileiros; é ela que deixa milhares de crianças e jovens sem educação e, consequentemente, sem um futuro promissor; é esta política que corrompe as fracas e incoerentes lideranças que precisam ser luz em meio às trevas; é esta política que faz da habitação cotidiana um lugar de alienação e aumento dos vícios.

Na política da morte, todavia, existe a necessidade da manutenção. Se doa cinco (5) para ganhar noventa e cinco (95). É o jogo da manipulação. Ninguém pode dizer nada que vá de encontro aos interesses de quem estar sendo beneficiado. Quando isto acontece, surge o senhor, que é o salvador da pátria, perseguindo e comprando com o dinheiro do povo os subservientes de plantão. O cenário da política, hoje, nos municípios é esta. Não descrevemos uma única realidade. Há muitos infortúnios por onde nós passamos.

Mesmo assim, não podemos perder a coragem de lutar e pedir a quem adere à política da morte, que se converta e viva. Quem é da vida e luta pela vida dos seus irmãos será salvo. Quem não o faz, será condenado. Não podemos deixar de “teimar” pela verdade; o amor e a justiça! Assim o seja!