Os pensadores do “nada” logo vão desistir da leitura; mas, sem dúvida, é uma questão que vale um minuto e, através dele, uma vida de contemplação. Afirmo que Deus não precisa do homem, mas o homem precisa de Deus. Frase feita para causar impacto? Não! Converse com uma pessoa que tem uma experiência de Fé, no sentido teológico-cristão, e escute um “solipsista do vazio” falando sobre sua existência no mundo e para o mundo! Quiçá, seja perceptível nesta situação o drama do “existencialismo ateu”. Ele nega a possibilidade do tudo, porém, não sabe o que fazer com o que lhe resta, ou seja, o nada. A construção do homem sem Deus não lhe confere nenhuma dignidade.
O mundo grita por Deus, porque Deus, pela Encarnação de Jesus Cristo, na História, qualificou a história dos homens. O que seria o desenrolar da história humana sem a presença universal e absoluta de Jesus Cristo? Os judeus tomaram a finitude do particular e perderam a beleza do que poderia ser universal. Com a Ressurreição de Jesus, o reino não foi só para os filhos de Sião, como também, para os filhos da promessa que se submetem à Fé em Jesus Cristo. Nada mais nos separará deste grande amor de Deus. Nem mesmo a morte. Por isso, que, o mundo sempre gritará por Deus. Se alguém dúvida disto, um dia não poderá duvidar mais, pois a Fé e a Esperança só podem ser dons dos vivos. Só Deus, porque é Amor, um dia poderá nos acolher completamente. A bipolaridade antropológica não existe no cristianismo, só no helenismo. O eterno retorno, se existe para os mortos, como poderemos saber? Se não morrem os que estão mortos, como saberemos se estamos vivos? Na certeza de Deus o vazio não tem mais enigma.
As formas universais de Deus encaminham o homem para o seu fim. O ponto de encontro das filosofias das religiões está presente neste fundamento. Por que em todas as civilizações os seres humanos volvem seus ‘olhares’ para a “necessidade ou desejo do eterno”? A ausência de Deus desequilibra a relação do ser humano com o mundo circundante. A pedagogia divina da Revelação da sua plena gratuidade se encontra justamente no modo com o qual Ele enfrenta o maior dos frutos do pecado, que é a morte. Os sofrimentos podem ser meios que sinalizam um mal maior. Infelizmente, quem não tem a leitura teológica da história permanece existencialmente atrofiado.
Por fim, é sempre importante lembrar da Páscoa como metáfora imanente do humano transcendente. Cristo é a nossa Páscoa. Quem está e acredita Nele estar e será salvo. Celebremos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, na esperança que estamos celebrando também a nossa contínua Passagem para o que há de vir. Assim o Seja!