Os padres fazem parte de um presbitério. “Estão sacramentalmente unidos, em íntima fraternidade por causa da ordenação... é importante que diocesanos e religiosos cooperem na verdade. Estejam unidos uns aos outros pelos laços do ministério, da fraternidade e de uma toda especial caridade apostólica” (cf. Presbiterorum Ordinis, n. 8). É muito importante que exista comunhão e unidade no presbitério e, conseqüentemente, com o Bispo diocesano. Deveria ser visto como algo muito preocupante a situação de um presbítero que não se sente bem em ser e estar em comunhão com seus colegas padres. Um clero que trabalha em comunhão fortalece a ação evangelizadora da igreja particular, testemunha a fé na comunhão trinitária e opera com a vida a oração sacerdotal de Jesus (cf. Jo 17,21). Causa profundo sofrimento ao povo de Deus perceber a desunião dos padres. Tenho consciência que em qualquer relação humana existem dificuldades; no entanto, não podemos esquecer a orientação de Jesus que diz: “Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (cf. 13,35). Para que isto aconteça a palavra e a atitude de ordem é: “Conversão”. Todos nós precisamos mudar e não nos acomodarmos com nossas limitações e mazelas.
Existe uma tendência muito forte de enveredarmos pelo caminho do individualismo. Com freqüência sentimos colegas que perdem o sentido da diocesaneidade. Fogem da vida da diocese e pouco a pouco relativizam o valor do próprio ministério ordenado. Sem dúvida é Jesus que chama (cf. Mc 1,16-19). Mas é na Igreja e por ela que nós temos nossas vocações confirmadas. Ela é comunhão. Quando não favorecemos a unidade do presbitério, com suas diversidades de dons e carismas, ferimos o coração materno da Igreja.
Na nossa diocese nós temos testemunhos muito ricos de experiências de fraternidade sacerdotal. Claro que o contexto era outro! Eles moravam distante e normalmente ficavam “sozinhos” nas extensas paróquias da diocese. Neste momento me vêm à memória os “poucos e grandes” padres que em e pela comunhão, amor a Jesus, a sua Igreja e ao Povo de Deus, tornaram real o Evangelho. Lembremo-nos do Movimento de Natal!
Hoje nós precisamos de um projeto de formação permanente para o clero. Poderíamos nos utilizar das estruturas que já temos e utilizando a pedagogia e as dimensões já pensadas pela Igreja para formação humana, espiritual, pastoral e intelectual. Nos momentos diocesanos, os das regiões pastorais, zonais e paroquiais, nós padres, poderíamos ter mais tempo que nos ajudasse a integrarmo-nos mais valorizando estas dimensões e fortalecendo-as pelo encontro, a oração, o estudo e a troca de experiências pastorais. Proporcionemos mais estes encontros, e aí as células sacerdotais, não só por afinidade; mas, antes de tudo porque queremos ser e viver plenamente a nossa “identidade presbiteral”. Por isso, façamos a nossa parte que será muito importante para nossa missão e principalmente para o bem do Povo de Deus do qual nós devemos ser “servidores” (cf. Jo 13,1-20).
Por fim, me lembro do que Pedro disse nas suas admoestações aos presbíteros: “apascentais o rebanho de Deus que vos foi confiado, cuidando dele, não como por coação, mas de livre vontade, como Deus o quer, nem por torpe ganância, mas por devoção, nem como senhores daqueles que vos couberam por sorte, mas, antes, como modelos do rebanho. Assim, quando aparecer o supremo pastor, recebereis a coroa imarcescível da glória” (cf. 1Pd 5,1-4). Assim o seja!