Muitos potiguares e, até, várias personalidades midiáticas, se preparam para participar do Carnatal. Aqui, em Natal, nas Universidades, pelos Meios de Comunicação, em outros tantos ambientes sociais se fala sobre o evento. Este, por sua vez, toma conta, direta ou indiretamente, neste período, de muitos dos vários tipos de conversas das crianças, jovens, casais, comerciantes, patrocinadores, traficantes, o Poder Público e, enfim, a grande massa. Principalmente pelo marketing que tendencialmente é feito, tendo em vista a maior e mais profícua obtenção de lucro por parte daqueles que querem obter vantagens piramidais. Aqui se sobrepõe a lógica do mercado. Não se pode deixar de fazer esta breve acentuação sobre o que de fato é o fim deste dantesco e eletrizante modo de relacionar-se neste período do ano em Natal.
O Carnatal mostra, por assim dizer, como as pessoas estão se relacionando hoje. As pessoas estão sendo massificadas pelas leis do mercado e das grandes indústrias da festa. Na fala duma grande maioria de jovens, não todos (ainda bem!), se sente que as pessoas se tornaram marionetes nas mãos de quem detém o dinheiro e a mídia. Quando se ouve participantes (a grande maioria pensa e é induzida a pensar assim) dizer que “no Carnatal ninguém é de ninguém”, infere-se pela observação do cenário no qual acontece o evento que lá muitos dos videntes que previram o que poderia vir a ser a Humanidade indiferente ao transcendente e que, por isso sim, se configuraria o nihilismo, a neurose coletiva, a alienação, o nada etc. Os psicólogos, sociólogos e outros estudiosos de áreas afins podem fazer e aprender muito sobre os tipos de relações que perfazem a trajetória do modo de comunicar-se das pessoas de hoje analisando festividades como o Carnatal, Carnaval e outros circos des-culturalizados da modernidade. A cultura é fruto da ação do homem na História e por meio dela ele espiritualiza o que por ele é criado e transformado. Quando este é manipulado pelos Meios que formam o “inconsciente coletivo” ele deixa de ser e fazer cultura. A cultura da coisificação humana fará com que a própria Civilização entre em colapso.
Muitas são as conseqüências contrárias a Dignidade Humana que vem do Carnatal. A Pessoa Humana é infinitamente mais importante do que uma “Festa dos Macacos” (onde se pula sem saber o por que? se sobrepõem o instinto sobre a razão). Ninguém, por favor, venha dizer que tem haver com lúdico; pois, este não dispensa a harmonia e a beleza das expressões humanas. Ao contrário, é condição sem a qual seria encantador e prazeroso quando se tem em vista o divertimento.
Por fim, aos muitos participantes do momento a verdadeira curtição só se realiza em plenitude quando se ama de verdade. Quem experimentar esta Festa vai saber o que é a maior e mais digna de todas as relações humanas. Que assim o seja!
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
domingo, 23 de setembro de 2007
Sim, por uma questão de saúde!
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homossexualidade,
sexualidade
Com a visita do Papa, que, chegando ao Brasil já enfatizou que a Igreja defende a vida desde a sua concepção, é retomada a discussão sobre a legalização do aborto e outros temas morais, como: o uso de contraceptivos, a camisinha, a união civil de homossexuais etc.
Visto imediatamente o modo como facções da Sociedade e, infelizmente, personalidades políticas que chegam a dizer que a legalização do aborto é uma questão de saúde pública (como se matar um inocente o fosse!), sob o pretexto de que é um tema defendido pela Igreja como questão dogmática e de que é preceito moral obsoleto; quando, na realidade, se trata de sólida preocupação cristã, mais ainda humana, e um modo de se tratar a dignidade da Pessoa que já está tipificado no próprio ordenamento jurídico do País (CF Art.1º,III).
É a própria Constituição, que no seu Art.5º afirma: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade”. Determinadas declinações feitas por políticos portadores de algum tipo de acefalia constitucional e filoantropológica (aqui a referência é mesmo à Lei Magna) é digna de revolta diante de observações que demonstram que não há preocupação de tornar reais as formulações constituídas e constitutivas do Estado e pelo Estado, através dos representantes do povo e para o povo. Numa perspectiva personalista, tais formulações constituem a meta de toda política pública realizada em vista do bem comum.
O que é sensível é que este mesmo Estado, flagelado pela corrupção, não está mantendo, através das suas Instituições o que lhe é de dever e, por isso, equivocada e demagogicamente busca, por vias imediatas e paliativas, o sufrágio de problemas imediatos sem considerar os fundamentais. Com isto não se esquecem as mulheres vítimas de atrocidades sociais; mas, ao contrário, é restituído a cada uma a plena dignidade que lhes deve ser garantida pela observância de todos os seus direitos legais (CF, Art.198º; ECA, Art.8º).
Para uma fundamentação contundente, é importante a objetiva impostação do Código Civil que, no Artigo 2º, normatiza: “a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Falar em personalidade no ordenamento jurídico é por ilação que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil (CC, Art.1º), contudo a ressalva que é feita quanto aos direitos do nascituro, desde a concepção, garante-lhe uma primazia absoluta que, por ser já naturalmente reconhecida, deve ser juridicamente inviolada. O próprio esquema posto desde a Constituição, passa pelo Código Civil, até chegar ao Estatuto da Criança e do Adolescente, que especificamente no artigo 7º postula quais são os direitos fundamentais daquele que nasce com vida e ordena que: “a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.”
Enfim o que é subjacente a estas poucas observações é que a Igreja está muito mais sintonizada com o que seja Saúde Pública do que muita gente que está por aí fazendo o que não deveria fazer; dizendo o que não deveria dizer; estando onde não deveria estar. A Igreja que, de fato e de direito, se sacrifica pela dignidade da Pessoa, continua sendo a favor da vida desde sua concepção até o seu ocaso natural, e vai, com autoridade, sempre convocar todos os discípulos e missionários de Jesus Cristo para que o sejam e para que n’Ele nossos povos tenham vida.
Visto imediatamente o modo como facções da Sociedade e, infelizmente, personalidades políticas que chegam a dizer que a legalização do aborto é uma questão de saúde pública (como se matar um inocente o fosse!), sob o pretexto de que é um tema defendido pela Igreja como questão dogmática e de que é preceito moral obsoleto; quando, na realidade, se trata de sólida preocupação cristã, mais ainda humana, e um modo de se tratar a dignidade da Pessoa que já está tipificado no próprio ordenamento jurídico do País (CF Art.1º,III).
É a própria Constituição, que no seu Art.5º afirma: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade”. Determinadas declinações feitas por políticos portadores de algum tipo de acefalia constitucional e filoantropológica (aqui a referência é mesmo à Lei Magna) é digna de revolta diante de observações que demonstram que não há preocupação de tornar reais as formulações constituídas e constitutivas do Estado e pelo Estado, através dos representantes do povo e para o povo. Numa perspectiva personalista, tais formulações constituem a meta de toda política pública realizada em vista do bem comum.
O que é sensível é que este mesmo Estado, flagelado pela corrupção, não está mantendo, através das suas Instituições o que lhe é de dever e, por isso, equivocada e demagogicamente busca, por vias imediatas e paliativas, o sufrágio de problemas imediatos sem considerar os fundamentais. Com isto não se esquecem as mulheres vítimas de atrocidades sociais; mas, ao contrário, é restituído a cada uma a plena dignidade que lhes deve ser garantida pela observância de todos os seus direitos legais (CF, Art.198º; ECA, Art.8º).
Para uma fundamentação contundente, é importante a objetiva impostação do Código Civil que, no Artigo 2º, normatiza: “a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Falar em personalidade no ordenamento jurídico é por ilação que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil (CC, Art.1º), contudo a ressalva que é feita quanto aos direitos do nascituro, desde a concepção, garante-lhe uma primazia absoluta que, por ser já naturalmente reconhecida, deve ser juridicamente inviolada. O próprio esquema posto desde a Constituição, passa pelo Código Civil, até chegar ao Estatuto da Criança e do Adolescente, que especificamente no artigo 7º postula quais são os direitos fundamentais daquele que nasce com vida e ordena que: “a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.”
Enfim o que é subjacente a estas poucas observações é que a Igreja está muito mais sintonizada com o que seja Saúde Pública do que muita gente que está por aí fazendo o que não deveria fazer; dizendo o que não deveria dizer; estando onde não deveria estar. A Igreja que, de fato e de direito, se sacrifica pela dignidade da Pessoa, continua sendo a favor da vida desde sua concepção até o seu ocaso natural, e vai, com autoridade, sempre convocar todos os discípulos e missionários de Jesus Cristo para que o sejam e para que n’Ele nossos povos tenham vida.
domingo, 16 de setembro de 2007
A Bíblia é a Palavra de Deus
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Em setembro, a Igreja celebra o Mês da Bíblia. Para os crentes, ou seja, para todos os que têm fé em Deus, nela está contida a história da salvação. Esta aparece como acontecimento interativo entre a ação amorosa de Deus que é Amor (cf. 1Jo 4,8) e a liberdade humana que, como ato da vontade, veícula o conhecimento e plenitude da própria vida. Esta forma de personalização da realidade divina é elementar para o próprio discernimento interpretativo do que seja essa vida de Deus, que acontece no tempo e no espaço da comunidade fiel que acolhe a sua fala como palavras de vida segura, comunicativa, justa, fiel, alegre (cf. Dt 4,13-14; Sl 119). Já no Antigo Testamento são encontradas palavras, normas, estatuto, orientações (decálogo: dez palavras; Torah: instrução) dadas por Deus como meio vinculante de relação entre os homens e destes com Deus, tendo em vista uma crescente conscientização da aliança feita (cf. Gn 15,1).
A categorização da palavra como meio comunicativo da revelação é bem relevante para qualificação divina que, no Verbo e pelo Verbo (Palavra), acontece de modo gradual até chegar à plenitude (cf. Jo 1, 1-2). Pela palavra fala-se do divino que toma sua forma humana. Por ela, o que é divino se aproxima do humano e, em contrapartida, o humano se aproxima do divino. Ela integra e possibilita a interpretação do que está na mente de Deus e foi doado ao homem como símbolo do que é princípio, meio e fim da vida humana (cf. Jo 1,2-3). A leitura inteligente da Sagrada Escritura, tendo em vista os seus pressupostos teológicos, é sempre atual para o encontro e realização de todos os anseios da humanidade. Isto porque, nela, a mensagem divina é testificada como palavras (Decálogo) e Palavra (Logos. Idem, Jo 1,1), Jesus Cristo, o Verbo feito carne (cf. Jo 1,14), elemento interpretativo norteador da personificação da Palavra de Deus.
Por isso, a comunidade pode fazer a seguinte pergunta: a quem iremos Senhor, só tu tens palavras de vida eterna? (cf. Jo 6,68-69). Elas são de vida porque dizem ao homem o que ele mais deseja ouvir sobre si mesmo acerca do seu mistério, do seu fim, do seu ser, da sua existência, do seu tudo. Por ela, é dito que o Reino de Deus está próximo (cf. Mc 1,15). Por ela, se torna sempre presente que o amor pode ser vivido na história humana, apesar do seu pecado. Por ela, este Reino é de “verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz. Sobre a terra, o reino já está misteriosamente presente. Quando o Senhor vier, atingirá a perfeição (cf. GS 39)”. Quando se fala sobre esse mistério, deve ser lembrado que, hoje, este Reino acontece quando os Discípulos de Jesus, seguindo o exemplo do Mestre, tomam atitudes dignas de verdadeiros anunciadores da palavra que leram e ouviram. Estes “escritos mostram que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, para que, crendo, tenhais vida em seu nome (cf. Jo 20,31)”. Desta forma, é necessário que a Bíblia seja lida com o mesmo espírito com o qual foi escrita.
Na condição de discípulos e missionários de Cristo, faz-se importante que, em nossas comunidades cristãs, seja fomentada, em todas as pessoas, uma séria e profunda espiritualidade bíblica. A Igreja reitera este convite a todos os cristãos. Caríssimos, vamos ler a Sagrada Escritura! Pois, “Ignorar as Sagradas Escrituras é ignorar o próprio Cristo”, disse São Jerônimo (Séc. IV). A Igreja acredita na importância da utilização da catequese bíblica em sua ação missionária (cf. DV,VI). Esta palavra deve ser o fundamento de todo anúncio. Por isso, que seja lida e amada a Palavra de Deus.
A categorização da palavra como meio comunicativo da revelação é bem relevante para qualificação divina que, no Verbo e pelo Verbo (Palavra), acontece de modo gradual até chegar à plenitude (cf. Jo 1, 1-2). Pela palavra fala-se do divino que toma sua forma humana. Por ela, o que é divino se aproxima do humano e, em contrapartida, o humano se aproxima do divino. Ela integra e possibilita a interpretação do que está na mente de Deus e foi doado ao homem como símbolo do que é princípio, meio e fim da vida humana (cf. Jo 1,2-3). A leitura inteligente da Sagrada Escritura, tendo em vista os seus pressupostos teológicos, é sempre atual para o encontro e realização de todos os anseios da humanidade. Isto porque, nela, a mensagem divina é testificada como palavras (Decálogo) e Palavra (Logos. Idem, Jo 1,1), Jesus Cristo, o Verbo feito carne (cf. Jo 1,14), elemento interpretativo norteador da personificação da Palavra de Deus.
Por isso, a comunidade pode fazer a seguinte pergunta: a quem iremos Senhor, só tu tens palavras de vida eterna? (cf. Jo 6,68-69). Elas são de vida porque dizem ao homem o que ele mais deseja ouvir sobre si mesmo acerca do seu mistério, do seu fim, do seu ser, da sua existência, do seu tudo. Por ela, é dito que o Reino de Deus está próximo (cf. Mc 1,15). Por ela, se torna sempre presente que o amor pode ser vivido na história humana, apesar do seu pecado. Por ela, este Reino é de “verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz. Sobre a terra, o reino já está misteriosamente presente. Quando o Senhor vier, atingirá a perfeição (cf. GS 39)”. Quando se fala sobre esse mistério, deve ser lembrado que, hoje, este Reino acontece quando os Discípulos de Jesus, seguindo o exemplo do Mestre, tomam atitudes dignas de verdadeiros anunciadores da palavra que leram e ouviram. Estes “escritos mostram que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, para que, crendo, tenhais vida em seu nome (cf. Jo 20,31)”. Desta forma, é necessário que a Bíblia seja lida com o mesmo espírito com o qual foi escrita.
Na condição de discípulos e missionários de Cristo, faz-se importante que, em nossas comunidades cristãs, seja fomentada, em todas as pessoas, uma séria e profunda espiritualidade bíblica. A Igreja reitera este convite a todos os cristãos. Caríssimos, vamos ler a Sagrada Escritura! Pois, “Ignorar as Sagradas Escrituras é ignorar o próprio Cristo”, disse São Jerônimo (Séc. IV). A Igreja acredita na importância da utilização da catequese bíblica em sua ação missionária (cf. DV,VI). Esta palavra deve ser o fundamento de todo anúncio. Por isso, que seja lida e amada a Palavra de Deus.
domingo, 12 de agosto de 2007
Pais de Família, parabéns!
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família
A Igreja de Cristo tem uma identidade. Inserida na humanidade como canal integrador da transcendência humana, ela tem a resposta para o que todos os homens mais desejam: “a felicidade”. O que é trivial ao que é sentido nas relações e anseios da humanidade é que falta a interpretação coerente e justa da mensagem cristã anunciada pela Igreja. Não se entende o anúncio do Mistério, pois amor é mistério, sem abrir-se à dinâmica da verdade do amor que impulsiona o homem ao que ele mais espera.
A Tradição da Igreja, personificada pelos Apóstolos e seus sucessores, cujo sinal visível de unidade e universalidade é conferido a Pedro (Cf. Mt 16,16-19) e que bem recentemente foi visualizado na V Conferência de Aparecida com a presença do Papa, reunido com os demais bispos, que radicada no dado revelado prestigia a família como comunidade de amor e de íntima comunhão entre homem e mulher e que deve continuar sendo pérola digna de zelo por toda comunidade cristã que, convertida ao que lhe salva, busca no paradigma cristológico com o qual Cristo amou a sua Igreja e por Ela se entregou (Cf. Ef. 5, 25), o espírito elementar da família cristã.
Pela história é perceptível que a luta pela manutenção duma forma para a relação entre homem e mulher, pelo vínculo do casamento, é dinâmico. Na antigüidade o filósofo grego Aristóteles no texto ‘A Política’, escrito no século III, depois de viajar e comparar 158 constituições, no seu livro III, diz que o fim da família é “uma associação estabelecida pela natureza, constituída entre homem e mulher, para atender às necessidades do dia-a-dia do homem, formada pelos que vivem da mesma provisão ou partilham o sustento”. O historiador francês Fustel de Coulanges (1830-1889), no clássico ‘A Cidade Antiga’, livro I, afirma que “o que unia os membros da família antiga era algo mais poderoso que o nascimento, o sentimento ou a força física: esse poder se encontra na religião do lar e dos antepassados. A religião fez com que a família formasse um só corpo nesta e na outra vida. A família antiga seria, pois, uma associação religiosa, mais que associação natural”. Ambas se diferenciam por terem acepções unilaterais, uma natural e outra sobrenatural, diferenciando-se, deste modo, da conotação cristã, que abarca as duas.
Hoje, comemorando o “Dia dos Pais”, a Igreja vem dizer que esta comunidade tem o seu legado no Mistério do Deus que é “Pai Nosso”. Não se pré-conceitua, como se ver, a história. Apenas é missão da Igreja apresentar e dar a sua visão universal daquilo que por ela é considerado tanto imanente como transcendentalmente, sem condicionar nenhum dos aspectos como comumente é sublinhado. No Catolicismo Católico está transcrito o que significa, para Igreja, esta união pelo sacramento do Matrimônio e, conseqüentemente, a família: “A aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem entre si uma comunhão da vida toda, é ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à geração e educação da prole, e foi elevada, entre os batizados, à dignidade de sacramento, por Cristo Senhor” (Cf. CIC 1601).
Para este dia, caríssimos Pais, a Igreja vos pede que, com amor, juntamente em comunhão com vossas esposas e filhos, cuidem um do outro nesta vossa unidade familiar que é chamada a ser sinal do amor com o qual Cristo amou a sua Igreja (Cf. Ef. 5,25-28) pelo testemunho de fé, pela fidelidade conjugal, pela paternidade responsável, pelo diálogo, pelo cuidado, pela responsabilidade, pela mansidão, pelos conselhos etc. e assim serão dignos que tenham um “feliz dia”, porque são queridos e amados pais de família. Por isso, parabéns, obrigado por existirem e que Deus vos abençoe!
A Tradição da Igreja, personificada pelos Apóstolos e seus sucessores, cujo sinal visível de unidade e universalidade é conferido a Pedro (Cf. Mt 16,16-19) e que bem recentemente foi visualizado na V Conferência de Aparecida com a presença do Papa, reunido com os demais bispos, que radicada no dado revelado prestigia a família como comunidade de amor e de íntima comunhão entre homem e mulher e que deve continuar sendo pérola digna de zelo por toda comunidade cristã que, convertida ao que lhe salva, busca no paradigma cristológico com o qual Cristo amou a sua Igreja e por Ela se entregou (Cf. Ef. 5, 25), o espírito elementar da família cristã.
Pela história é perceptível que a luta pela manutenção duma forma para a relação entre homem e mulher, pelo vínculo do casamento, é dinâmico. Na antigüidade o filósofo grego Aristóteles no texto ‘A Política’, escrito no século III, depois de viajar e comparar 158 constituições, no seu livro III, diz que o fim da família é “uma associação estabelecida pela natureza, constituída entre homem e mulher, para atender às necessidades do dia-a-dia do homem, formada pelos que vivem da mesma provisão ou partilham o sustento”. O historiador francês Fustel de Coulanges (1830-1889), no clássico ‘A Cidade Antiga’, livro I, afirma que “o que unia os membros da família antiga era algo mais poderoso que o nascimento, o sentimento ou a força física: esse poder se encontra na religião do lar e dos antepassados. A religião fez com que a família formasse um só corpo nesta e na outra vida. A família antiga seria, pois, uma associação religiosa, mais que associação natural”. Ambas se diferenciam por terem acepções unilaterais, uma natural e outra sobrenatural, diferenciando-se, deste modo, da conotação cristã, que abarca as duas.
Hoje, comemorando o “Dia dos Pais”, a Igreja vem dizer que esta comunidade tem o seu legado no Mistério do Deus que é “Pai Nosso”. Não se pré-conceitua, como se ver, a história. Apenas é missão da Igreja apresentar e dar a sua visão universal daquilo que por ela é considerado tanto imanente como transcendentalmente, sem condicionar nenhum dos aspectos como comumente é sublinhado. No Catolicismo Católico está transcrito o que significa, para Igreja, esta união pelo sacramento do Matrimônio e, conseqüentemente, a família: “A aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem entre si uma comunhão da vida toda, é ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à geração e educação da prole, e foi elevada, entre os batizados, à dignidade de sacramento, por Cristo Senhor” (Cf. CIC 1601).
Para este dia, caríssimos Pais, a Igreja vos pede que, com amor, juntamente em comunhão com vossas esposas e filhos, cuidem um do outro nesta vossa unidade familiar que é chamada a ser sinal do amor com o qual Cristo amou a sua Igreja (Cf. Ef. 5,25-28) pelo testemunho de fé, pela fidelidade conjugal, pela paternidade responsável, pelo diálogo, pelo cuidado, pela responsabilidade, pela mansidão, pelos conselhos etc. e assim serão dignos que tenham um “feliz dia”, porque são queridos e amados pais de família. Por isso, parabéns, obrigado por existirem e que Deus vos abençoe!
domingo, 24 de junho de 2007
Bioética: questão antropológica
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Atualmente é trivial ouvir-se comentários, debates, conferências, palestras, teleconferências sobre temas concernentes ao argumento no que diz respeito aos atos que influenciam direta ou indiretamente à vida humana e tudo aquilo que salvaguarda o seu pleno desenvolvimento. O significado da vida passa pelo que é natural à própria existência humana. Sobrepondo-se aos outros seres, o homem não só é reconhecido como ser vivente porque se movimenta; mas porque é consciente de ser o que é. Isso o faz nortear-se sempre para um fim. Ele age tendo em vista não só o imediatamente reconhecido. Ele espiritualiza a ação. Subordina o acaso com vista não só ao presente; mas ao futuro. Qualifica o ato porque é potencialmente estruturado para que o único possa ser tão importante quanto o todo. Como é consciente não anula a liberdade para não ser anulado por ela. Reconhece o diferente para adequar o caos. O homem, deste modo, desde a sua concepção é intrinsecamente vitalizado para ser o que deve ser; agir como deve agir; viver como deve viver; sentir porque deve sentir; amar porque é maravilhoso amar; reproduzir-se para completar e ser completado; pensar para descobrir-se e ser descoberto como realidade que existe para ser; mas também é ser para existir.
A filosofia realista clássica, com Aristóteles, Boécio e Santo Tomás, apresentou o conceito de homem de modo unidual; ou seja, ele é pensado como um ser individual de natureza racional. Passando por este último autor, a filosofia cristã acolhe a idéia e com ela embasa racionalmente a sua visão integral do homem dizendo que este é constituído de Corpo e Alma (Cf. Gaudium et spes 14). Desta definição tomamos duas acentuações relevantes: 1) O homem como ser corpóreo tem sua individualidade definida, se socializa, está no mundo, assume um espaço; 2) Como ser animado racionalmente tem sua subjetividade, transcende o imediato, está no tempo. Os dois pólos não se contrapõem; mas, ao contrário, se complementam e mostram que desde a sua concepção o homem tem dignidade emblemática em sua personalidade que deve ser respeitada e digna de direitos próprios de cada ser humano.
O Papa João Paulo II, de saudosa memória, citando o Concílio Vaticano II deplorou fortemente os múltiplos crimes e atentados que vilipendiam este ser humano. Diz ele: “À distância de trinta anos e fazendo minhas as palavras da Assembléia Conciliar, uma vez mais e com idêntica força os deploro em nome da Igreja inteira, com a certeza de interpretar o sentimento autêntico de toda reta consciência: ‘Tudo quanto se opõe à vida, como seja toda espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário; tudo o que viola a integridade da pessoa humana, como as mutilações, os tormentos corporais e mentais e as tentativas para violentar as próprias consciências; tudo quanto ofende a dignidade da pessoa humana, como as condições de vida infra-humanas, as prisões arbitrárias, as deportações, a escravidão, a prostituição, o comércio de mulheres e jovens; e também as condições degradantes de trabalho, em que os operários são tratados como meros instrumentos de lucro e não como pessoas livres e responsáveis. Todas estas coisas e outras semelhantes são infamantes; ao mesmo tempo que corrompem a civilização humana, desonram mais aqueles que assim procedem, do que os que padecem injustamente; e ofendem gravemente a honra devida ao Criador’ (Cf. Encíclica Evangelium vitae, 3)”.
Ligado a estas intempéries é atual a questão da relação do ser humano com o ambiente. O tema da Ética Planetária ou Ambiental também já começa a ser discutido como elemento que inflige a relação do homem com os outros seres e com a sua própria qualidade de vida. Por isso, o debate no tocante à vida já se torna preocupante porque os fundamentos para uma respeitosa convivência do homem com o meio ambiente passa, necessariamente, por uma solidária integração do homem com os outros homens. Convertidos ao amor, os homens encontrarão o sentido para tudo o que fazem e descobrirão que é através do seguimento de Jesus Cristo que todos os povos terão vida, porque Ele é a Vida (Jo, 14,6).
A filosofia realista clássica, com Aristóteles, Boécio e Santo Tomás, apresentou o conceito de homem de modo unidual; ou seja, ele é pensado como um ser individual de natureza racional. Passando por este último autor, a filosofia cristã acolhe a idéia e com ela embasa racionalmente a sua visão integral do homem dizendo que este é constituído de Corpo e Alma (Cf. Gaudium et spes 14). Desta definição tomamos duas acentuações relevantes: 1) O homem como ser corpóreo tem sua individualidade definida, se socializa, está no mundo, assume um espaço; 2) Como ser animado racionalmente tem sua subjetividade, transcende o imediato, está no tempo. Os dois pólos não se contrapõem; mas, ao contrário, se complementam e mostram que desde a sua concepção o homem tem dignidade emblemática em sua personalidade que deve ser respeitada e digna de direitos próprios de cada ser humano.
O Papa João Paulo II, de saudosa memória, citando o Concílio Vaticano II deplorou fortemente os múltiplos crimes e atentados que vilipendiam este ser humano. Diz ele: “À distância de trinta anos e fazendo minhas as palavras da Assembléia Conciliar, uma vez mais e com idêntica força os deploro em nome da Igreja inteira, com a certeza de interpretar o sentimento autêntico de toda reta consciência: ‘Tudo quanto se opõe à vida, como seja toda espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário; tudo o que viola a integridade da pessoa humana, como as mutilações, os tormentos corporais e mentais e as tentativas para violentar as próprias consciências; tudo quanto ofende a dignidade da pessoa humana, como as condições de vida infra-humanas, as prisões arbitrárias, as deportações, a escravidão, a prostituição, o comércio de mulheres e jovens; e também as condições degradantes de trabalho, em que os operários são tratados como meros instrumentos de lucro e não como pessoas livres e responsáveis. Todas estas coisas e outras semelhantes são infamantes; ao mesmo tempo que corrompem a civilização humana, desonram mais aqueles que assim procedem, do que os que padecem injustamente; e ofendem gravemente a honra devida ao Criador’ (Cf. Encíclica Evangelium vitae, 3)”.
Ligado a estas intempéries é atual a questão da relação do ser humano com o ambiente. O tema da Ética Planetária ou Ambiental também já começa a ser discutido como elemento que inflige a relação do homem com os outros seres e com a sua própria qualidade de vida. Por isso, o debate no tocante à vida já se torna preocupante porque os fundamentos para uma respeitosa convivência do homem com o meio ambiente passa, necessariamente, por uma solidária integração do homem com os outros homens. Convertidos ao amor, os homens encontrarão o sentido para tudo o que fazem e descobrirão que é através do seguimento de Jesus Cristo que todos os povos terão vida, porque Ele é a Vida (Jo, 14,6).
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