A Igreja do Brasil está em plena Campanha da Fraternidade. Esta quer ser mais um momento forte que motive a conversão dos cristãos ao amor de Deus que é o Senhor da vida. Por isso, a Palavra de Deus deve ser o primeiro e imprescindível instrumento utilizado para a formação dos ideais da comunidade humana. A Evangelização é sempre a meta primordial da Igreja, pois, ela é o Sinal Universal da presença atual do Reino de Deus na vida humana. Ela em nenhum momento pode estar a favor da morte. Por ela Deus continua pedindo que seja escolhida a Vida (Dt 30,19). Para este ano foi escolhido o tema “Fraternidade e defesa da vida” e o lema, “Escolhe, pois, a vida. O nosso Deus é o Deus da Vida porque Ele é a Vida (Jo 14, 6). Por acaso seria possível uma igreja de deus que estivesse a favor da morte?!
No dia 05 de Março STJ analisará a possibilidade de se tornar possível legalmente a pesquisa utilizando os embriões congelados com fins terapêuticos. Com isso, será possível serem utilizadas as Células-tronco que têm capacidade de se transformar em células de qualquer tecido do nosso corpo: músculos, ossos etc (Cf. Texto Base CF, 101). Porém, para uma séria análise ética da questão é importante saber que existem dois tipos de células-tronco: 1) as células embrionárias são encontradas no embrião (CTE) são totipotenciais; 2) as células tronco adultas podem ser encontradas depois do nascimento. São multipotenciais (Cf. Texto-base, 102). Experiências realizadas em ratos ou camundongos com células-tronco embrionárias têm demonstrado que, ao serem injetadas em outro organismo, elas produzem, em cerca de 50% dos casos, tumores, chamados teratomas, que muito facilmente se transformam em tumores cancerosos. Estas células são também rejeitadas pelo organismo que recebe o transplante. O uso das células-tronco adultas, por outro lado, já tem alcançado resultados comprovados de melhora ou cura de doenças em seres humanos. Exemplos: uso para regenerar células lesadas do coração, como no caso de enfarte; para melhora de lesões da medula nervosa na paraplegia ou tetraplegia etc. Uma limitação de seu uso é que a técnica do autotransplante (a pessoa recebe suas próprias células-tronco no local afetado) não pode ser indicada para pessoas com doenças genéticas. Contudo, recentemente foram obtidos resultados que permitiram que as células-tronco adultas se comportassem como células-tronco embrionárias, ganhando a capacidade da totipotência, reprogramação celular (Cf. Texto-base, 103).
Através destas observações pode-se bem afirmar que a Igreja não contrapõe-se à ciência. O discurso demagógico e falacioso de alguns cientistas, salientando que não são todos, não encontra respaldo pelas ações e o discurso da Igreja. A preocupação existe tendo-se em vista o bem que pode ser feito às pessoas portadoras de doenças. Mas os fins não justificam os meios. A questão ética não pode ser abandonada pela ciência. Sem um sério embasamento ético a ciência pode vir a torna-se um perigoso meio de coisificação do próprio homem. Ele não pode ser visto como um meio (Kant). Ele é pessoa desde sua concepão e tem por direito inviolável e inalienável o direito à vida garantido pela Carta Magna do País (Constituição Federal, art. 5 e Código Civil, art. 2).
Por fim, o que a Igreja deseja é o bem da pessoa humana. Não é periférico a saúde e bem estar de tantas pessoas que têm doenças e que passam por sérias dificuldades terminais. Mas seria muito importante que a Sociedade exigisse do Estado mais seriedade nas políticas públicas que beneficiasse a todos e se investisse nas pesquisas que considerassem a Dignidade Humana e as suas necessidades desde o ventre materno. Sendo assim, caros juizes, escolhamos, pois, a Vida!