O esclerecimento da pessoa é sempre um desafio. Claro que é aí que está a beleza da sua identidade. O desenrolar da história não deixa de ser uma dramatização desta dialética do ser que era, é e será. Nós nos contrapomos constantemente com a nossa subjetividade. Mas o que esta significa para nós? Só uma “forma entis” que diz e não diz o que universalmente dizemos que somos? Ela se diz porque é falada, é vista, é narrada, é sentida, é realizada, é estudada...ela se auto-define ou é definida? De qualquer modo, o que é materializado por ela, só por ela é decodificado. O que dela se predica, só por ela é predicado. Por isso, ela ilustra a história para que, pela mesma, possa ser ilustrada. Só a intelecção do que é harmonizado por esta forma desvela o que é o homem, e, nele, a Humanidade seja definida como universal.
Por que precisamos pensar o individual na sua possibilidade universal? porque sem este último o próprio não se entende. E isto é fundamental para a compreensão do humano como ser de Cultura. Esta é o meio mais significativo para que a Humanidade se corporifique como Civilização que se constitui não de diferentes; mas sim, de diferenças. Onde está a importância da elucubração? A consistência do que seja o diferencial da Humanidade é absolutizada e individualizada pelo próprio homem. Quem exclui o que é peculiar da Humanidade é ela própria. A dialética que possibilita o esclarecimento do homem ao homem só dará passos quando for reconhecida uma norma normativa que abarque o que é de cada homem e de todo homem. Até agora nenhum fenômeno humano o conseguiu; todavia, só um se mostrou. Digo diretamente que este raio transpassante é a Revelação de Deus, que é humano porque é Deus e Deus porque é humano. O que é o esclarecimento sem a possibilidade duma medida de todas as medidas? Se não tivermos a possibilidade do universal, por que entender o particular? Com isto, não se quer dizer que não se busque a valorização do particular e eis o ponto: uma definição implica a outra definição. O processo não é dialético? O que é próprio desta não é a contraposição; mas a complementação. A evolução só é histórica porque antes de sê-la espaço-temporal é, ela, humana. A continuidade deste raciocínio pode ajudar, e muito, às várias tentativas de interação das pessoas, famílias, estados, nações, religiões, filosofias, economias e o próprio mundo. Ou este mundo é compreensível sem aqueles que o entendem e o definem como o que ele é e porque ele é, com suas concepções míticas, filosóficas e científicas?
Os contextos sociais quanto mais globalizados na atualidade, mais se tornam indefinidos. Isto porque tudo é penetrado por tudo e todos por todos. O que é mais interessante é que, em meio a tudo isto, o protagonismo do protagonista se perdeu. Alguém súbito compreenderá que, se isto acontece, é porque o ser humano tem seu limite reconhecido ou não por ele na sua própria imagem. Porém se este entendimento, mesmo que, inconscientemente, não seja aceito por muitos, é porque ainda não chegou à sua meta final e porque, este mesmo fim, não pode depender do homem, nem muito menos, do que ele pode criar. Sendo que, faz parte da essência do Cristianismo, não só como sistema sofisticado de ligação do finito com o infinito, mas como possibilidade de causa primeira e final de satisfação de cada ser humano e da humanidade, esta condição não pode ser inventada pelo homem. O que é inventado por ele é dele; contudo, nunca poderá ser ele. Sendo assim, não pode servir de complemento perfectivo ou totalizador do finito que busca o infinito. Por que o finito deseja infinito? porque o primeiro pertence ao segundo, sendo que, não é ainda o que deseja. Por isso, que, o Cristianismo não é só uma diagramação racionalizada que pode dizer à Humanidade o que só ela tem de humano e divino.
Por fim, a resposta está mesmo na capacidade que o homem tem de amar. Só Deus é amor. Esta certeza é própria do Cristianismo. Nenhuma outra religião monoteísta pode dizer ao ser humano esta Verdade ontem, hoje e sempre. Algumas só esperam, outras só acreditam; mas só em Jesus Cristo, o único e eterno Salvador, nós esperamos, acreditamos porque somos amados. Ele é o eterno amor. A possibilidade deste esclarecimento dialético e absoluto é o horizonte pelo qual, só por Ele, o homem se auto-definirá na Humanidade e com a Humanidade. Assim o seja!