São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

O Natal do Senhor

Certa vez, ouvi um professor fazer uma crítica acefálica ao evento natalício. Claro que percebi que era mais um pobre de espírito que precisava alimentar sua alta suficiência com algo que pudesse fazê-lo sentir-se alguém dotado de 'estórias' para contar. Depois de certo tempo, também cheguei à conclusão que aquele imediatista era um ícone pelo qual se podia comparar a mentalidade anticristã da Pós-modernidade. A sua alegação era o dado de que não se tinha a data certa do nascimento de Jesus Cristo. Ainda, esta era uma data pagã de se celebrar o dia do "rei sol". Muito bem! Quanto a isto, ele falou de algo historicamente reconhecível. Mas, ele esqueceu de dizer, por questão de honestidade intelectual, o que estava sendo pensado pelos cristãos ao resignificar este evento para o enriquecimento da própria tradição, que até hoje vive este momento como algo que faz parte da sua identidade cultural e universal. Há, também, que se afirmar que não existe desonestidade institucional quanto ao fato de que o que se deseja é a celebração do Natal do Filho de Deus, como Dom e Revelação do Infinito que se torna Finito. Não invenção histórica a existência de Jesus de Nazaré.

Hoje constatamos que mais uma vez nos deparamos com um novo paganismo. Os ídolos estão novamente fazendo parte da cultura ocidental, como meio de satisfação do anseio humano de compensação por aquilo que deseja intimamente obter: "o sentido da vida que constantemente precisa ser satisfeito pelo objeto que se deseja". Mas o que é oferecido pela idolatria não preenche a condição humana na sua peleja permanente pela felicidade. Mas daqui surgem algumas inquietações interessantes no confronto com o nosso contexto. Por exemplo: Por quê o natal é vivido como período de consumismo? Por quê a mão invisível do mercado determina as formas de celebração deste momento? O que a sociedade busca no materialismo exacerbado? Como estes comportamentos alimentam a neurose coletiva e a quem isto interessa? Claro que, porque sabemos e temos um referencial, podemos dizer que a idolatria ressurge como meio de dominação duma civilização que tem novos paradigmas e que, mesmo reformulados, têm metas comparadas ao que o paganismo clássico tinha, e, alimentam uma vontade de poder e ter que alimenta um eu inconsciente que subjuga a liberdade a transcendental e para Quem deveria se encaminhar absolutamente. Contudo, há uma diferença relevante: os antigos não conheciam o que era a Verdade; hoje, ao contrário, se conhece e não se quer aceitá-La porque se deseja matar Quem não pode mais morrer.

As formas modernas de experiências natalinas depreciam a dignidade humana. Diferentemente do que é essencial para o cristianismo que, em Cristo, eleva augustamente a forma divina de celebrar o humano. Claro que o entendimento de toda a mística do Natal só pode ser compreendida por quem ler dentro da vida cristã o que representa para os discípulos deste mesmo Filho, que no coração e na consciência acolhem um menino que para aqueles que têm Fé e Esperança significa a certeza do Amor pleno e eterno, em Deus.

Por fim, concluo citando o evangelista que diz: "José subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, para a Judéia, na cidade de Davi, chamada Belém, por ser da casa e da família de Davi, para se inscrever com Maria, sua mulher, que estava grávida. Enquanto lá estavam, completaram-se os dias para o parto, e ela deu à luz o seu filho primogênito, envolvendo-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na sala (Mt 2,4-7)". Nós cristãos, celebramos este único momento no dia 25 de Dezembro que é dia do Nascimento do Nosso Salvador. Feliz Natal e Assim o seja!