São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

terça-feira, 29 de abril de 2008

Discípulos formados, comunidade forte

“Só uma comunidade de discípulos bem formados, transforma uma comunidade cristã”. Santo Agostinho diz que “no crente, Cristo se forma, pela fé, no homem interior, chamado à liberdade da graça, manso e humilde de coração, que não se envaidece pelos méritos de suas obras, que são nulas. Se ele começa a ter algum mérito, deve-o à própria graça. A este pode chamar seu mínimo e identifica-lo consigo aquele que disse: ‘O que fizestes a um dos mínimos meus, a mim o fizestes. Cristo é formado naquele que recebe a forma de Cristo. Recebe a forma de Cristo quem adere a Cristo com espiritual amor (PL 35,2131-2132)”.

Um cristão que faz a experiência com o mistério do ressurreto, no tempo qualificado pela presença de Deus, se torna, na comunidade, um ser com Cristo, vinculado à sua Igreja. Essa proposta não perde seu encanto em meio aos tantos desa fios da Posmodernidade. O que era próprio do cristianismo da Igreja primitiva, continua sendo atual, aqui e agora. A formação dos discípulos missionários é justamente a tentativa de potencializar uma mentalidade atualizada do que é peculiar a Cristo, no tempo de Deus. Este horizonte, pelo tempo e no espaço, por meio de toda a simbologia divina, dinamizada na história, pela e na Igreja de Cristo, dá as condições necessárias e integrais para que o discípulo tome as estruturas humanas e testemunhe, no mundo, a verdade e o amor que é Deus e só é de Deus, revelado plenamente em Jesus Cristo (Cf. Jo 1,1-18).

A proposta eclesial e bem contextualizada desta meta teológica e pastoral está contida e lançada para a Igreja latino-americana no documento de Aparecida. A tentativa da V Conferência não pode ser ‘atrofiada’. É um convite para todos os fiéis batizados e em função de todos os cristãos. A Igreja tem que estar em estado permanente de Missão. A característica desta realidade humana e divina é o seu hoje projetado para o futuro. Esta forma histórica da presença do divino na História da Humanidade só é forte quando é bem estruturada pelos sentimentos presentes no coração de Cristo, que diz o que é de Deus. O Espírito de Deus, e só por Ele a comunidade cristã se caracteriza e é caracterizada pela vida e missão de Jesus para a salvação do gênero humano e glorificação de Deus.

Em todas as instancias das estruturas temporais, nós somos convidados a dizer e viver a verdade e anunciar o reino de Deus (Cf. Mc 1,15). Não só em meio aos pobres, mesmo tendo a convicção que nossa opção preferencial e não excludente é por eles, mas em todos os lugares nos quais nós estejamos atuando e cumprindo os nossos afazeres. Todos têm direito à comunhão com a pessoa de Jesus, porque todos somos filhos de Deus. Precisamos reconhecer e discernir que a nossa pecaminosidade pessoal é causa dos males sociais, principalmente no confronto com tantas injustiças existentes; contudo, o encontro pessoal com Jesus, pelo qual a graça se nos foi concedida (Cf. Jo 1,17), é uma possibilidade humana e uma garantia divina.

Enfim, o que o doutor da graça nos escreve continua sendo atualíssimo. A formação dos discípulos missionários é o meio sem o qual a unidade de espírito e de corpo da comunidade cristã, em Cristo e através da Igreja, tem que ser continuada e permanente. O paradigma teológico e metodológico do intento de Aparecida ainda não foi compreendido pela maioria dos cristãos católicos. Mas a Fé não dispensa a Esperança. Assim o seja!