“Só uma comunidade de discípulos bem formados, transforma uma comunidade cristã”. Santo Agostinho diz que “no crente, Cristo se forma, pela fé, no homem interior, chamado à liberdade da graça, manso e humilde de coração, que não se envaidece pelos méritos de suas obras, que são nulas. Se ele começa a ter algum mérito, deve-o à própria graça. A este pode chamar seu mínimo e identifica-lo consigo aquele que disse: ‘O que fizestes a um dos mínimos meus, a mim o fizestes. Cristo é formado naquele que recebe a forma de Cristo. Recebe a forma de Cristo quem adere a Cristo com espiritual amor (PL 35,2131-2132)”.
Um cristão que faz a experiência com o mistério do ressurreto, no tempo qualificado pela presença de Deus, se torna, na comunidade, um ser com Cristo, vinculado à sua Igreja. Essa proposta não perde seu encanto em meio aos tantos desa fios da Posmodernidade. O que era próprio do cristianismo da Igreja primitiva, continua sendo atual, aqui e agora. A formação dos discípulos missionários é justamente a tentativa de potencializar uma mentalidade atualizada do que é peculiar a Cristo, no tempo de Deus. Este horizonte, pelo tempo e no espaço, por meio de toda a simbologia divina, dinamizada na história, pela e na Igreja de Cristo, dá as condições necessárias e integrais para que o discípulo tome as estruturas humanas e testemunhe, no mundo, a verdade e o amor que é Deus e só é de Deus, revelado plenamente em Jesus Cristo (Cf. Jo 1,1-18).
A proposta eclesial e bem contextualizada desta meta teológica e pastoral está contida e lançada para a Igreja latino-americana no documento de Aparecida. A tentativa da V Conferência não pode ser ‘atrofiada’. É um convite para todos os fiéis batizados e em função de todos os cristãos. A Igreja tem que estar em estado permanente de Missão. A característica desta realidade humana e divina é o seu hoje projetado para o futuro. Esta forma histórica da presença do divino na História da Humanidade só é forte quando é bem estruturada pelos sentimentos presentes no coração de Cristo, que diz o que é de Deus. O Espírito de Deus, e só por Ele a comunidade cristã se caracteriza e é caracterizada pela vida e missão de Jesus para a salvação do gênero humano e glorificação de Deus.
Em todas as instancias das estruturas temporais, nós somos convidados a dizer e viver a verdade e anunciar o reino de Deus (Cf. Mc 1,15). Não só em meio aos pobres, mesmo tendo a convicção que nossa opção preferencial e não excludente é por eles, mas em todos os lugares nos quais nós estejamos atuando e cumprindo os nossos afazeres. Todos têm direito à comunhão com a pessoa de Jesus, porque todos somos filhos de Deus. Precisamos reconhecer e discernir que a nossa pecaminosidade pessoal é causa dos males sociais, principalmente no confronto com tantas injustiças existentes; contudo, o encontro pessoal com Jesus, pelo qual a graça se nos foi concedida (Cf. Jo 1,17), é uma possibilidade humana e uma garantia divina.
Enfim, o que o doutor da graça nos escreve continua sendo atualíssimo. A formação dos discípulos missionários é o meio sem o qual a unidade de espírito e de corpo da comunidade cristã, em Cristo e através da Igreja, tem que ser continuada e permanente. O paradigma teológico e metodológico do intento de Aparecida ainda não foi compreendido pela maioria dos cristãos católicos. Mas a Fé não dispensa a Esperança. Assim o seja!