São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Igreja, Afetividade e Sexualidade

Não deve ser estranho, para nós cristãos, falarmos sobre essa dimensão fundamental do homem. Nós, á luz do mistério de Cristo, precisamos ser peritos em humanidade, como bem o disse o Papa Paulo VI. O medo do que é humano não pode fazer parte da existência cristã. Nós nascemos para o amor porque somos fruto do amor de Deus, pois Ele é Amor (cf. 1Jo 4,8). Santo Agostinho diz que "não há ninguém que não ame. A questão é saber o que se deve amar. Não somos, por conseguinte, convidados a não amar, mas sim a escolher o que havemos de amar" (Cf. Sermão 34). A Igreja considera a simétrica compreensão da genuína e cristalizada manifestação da afetividade e sexualidade humana considerando sempre este paradigma antropológico.

Na perspectiva cristã falar sobre o sentido duma sexualidade que é sempre afetiva, remete-nos às bases da antropologia bíblica que desde o "início" da criação, depois de criar o homem e a mulher, Deus disponibilizará tudo para integração deles tendo em vista que "tudo era bom" (Cf. Gn 1,27-31). Portanto, considerar a perspectiva antropocêntrica totalizante da criação é considerar a sexualidade humana como meio bom e divino de revelar a afetividade que instiga os seres humanos a viverem como seres humanos, ou seja, que suas relações afetivas e sexuais vividas plenamente com amor, no amor e pelo amor. Num certo momento da história da Igreja, principalmente por causa da influência da filosofia platônica, que considera o corpo como cárcere da alma e, que, de certo modo embasou uma visão dualista em alguns padres da Igreja dos primeiros séculos do cristianismo, em alguns ambientes se estigmatiza ainda essa acepção que não tem base na Revelação bíblica, como já foi visto. Vale ressaltar que é uma acepção isolada de facções existentes no interior de comunidades cristãs.

Na modernidade, Sigmund Freud, "o principal introdutor do tema, considerava o ser humano como movido por uma série de impulsos (biológicos/corporais) que se orientam para a satisfação de suas necessidades e de seu prazer. Para ele, haveria constante duelo entre a força do impulso sexual (libido) e a força repressora cultural, social, moral e religiosa (super-ego). Embora Freud reconhecesse que os desejos sexuais não poderiam ser satisfeitos imediatamente em qualquer contexto ou condição quando as pessoais convivem em sociedade, concluiu que a grande maioria dos problemas psicológicos viria de impulsos reprimidos. Vamos constatar, na sociedade atual, dois entendimentos que foram gerados a partir dessa visão freudiana da sexualidade. Ambos estão equivocados em sua base, porque partem de concepção errada de pessoa, reduzida apenas à dimensão corpórea e psíquica (Cf. Texto base, CF 2008, n.56)".

O modo como está sendo falado e vivido a sexualidade na sociedade contemporânea é desligado daquilo que subjetivamente é inerente ao sentido da sexualidade. Ela está manca do seu aspecto espiritual. A Igreja deseja e, por isso, forma os cristãos para que a vivam de modo afetuoso. Ela é elemento integrador e integrante da mais pura essência do homem e da mulher. Ela existe para que estes sejam colaboradores sublimes Daquele que é o Amor, através da união conjugal e da procriação que se realiza pelo amor. A coerência interna sobre o significado que tem a sexualidade para a Igreja é importante para que seja possível a compreensão da sua ética sexual e como a experiência mostra que ela está em mais profunda sintonia com verdadeiro desejo da vivência humana da sexualidade afetuosa e não afetada pela falta de amor que está presente na civilização neurótica porque não está amando o que deve amar. Assim o seja!