A mensagem de sua santidade, Bento XVI, para a celebração do Dia Mundial da Paz, é um convite à reflexão sobre o tema: "Combater a pobreza, construir a paz". O pontífice diz que o combate à pobreza implica uma análise atenta do fenômeno complexo que é a globalização (n. 2). Segundo ele, a evocação da globalização deveria revestir, além do significado econômico e social, um sentido espiritual e moral, solicitando a olhar os pobres bem cientes da perspectiva que todos somos participantes de um único projeto divino: chamados a construir uma única família, na qual todos -indivíduos, povos e nações - regulem o seu comportamento segundo os princípios de fraternidade e responsabilidade. Por isso, apresenta algumas implicações morais da Pobreza, a saber: 1) A pobreza aparece muitas vezes associada, como se fosse sua causa, com o 'desenvolvimento demográfico'; 2) As 'pandemias'; 3) A 'pobreza das crianças'; 4) O 'desarmamento e progresso'; 5) A 'crise alimentar' atual, que põe em perigo a satisfação das necessidades de base.
Uma das estradas mestras para construir a paz é uma globalização que tenha em vista os interesses da grande família humana. Mas, para guiar a globalização é preciso uma forte 'solidariedade global' e, ainda, um 'código de ética comum'(n. 8). Para ele, no campo do comércio internacional e das transações financeiras, se tem hoje em ação processos que permitem integrar positivamente as economias, contribuindo para o melhoramento das condições gerais; mas há também processos de sentido oposto, que dividem e marginalizam os povos, criando perigosas premissas para guerras e conflitos. Idêntica reflexão pode fazer-se a propósito do mercado financeiro, que toca um dos aspectos primários do fenômeno da globalização, devido ao progresso da eletrônica e às políticas de liberalização dos fluxos de dinheiro entre os diversos países (n. 10). Segue-se de tudo isto que a luta contra a pobreza requer uma cooperação nos planos econômico e jurídico que permita à comunidade internacional e especialmente aos países pobres individuarem e atuarem soluções coordenadas para enfrentar os referidos problemas através da realização de um quadro jurídico eficaz para a economia (n. 11). Segundo ele, colocar os pobres em primeiro lugar implica, finalmente, que se reserve espaço adequado para uma correta lógica econômica por parte dos agentes do mercado internacional, uma correta lógica política por parte dos agentes institucionais e uma correta lógica participativa capaz de valorizar a sociedade civil local d internacional (n. 12).
Finalmente, citando João Paulo II, que advertia para a necessidade de abandonar a mentalidade que considera os pobres - pessoas e povos - como um fardo e como importunos maçadores, que pretendem consumir tudo o que os outros produziram. Os pobres pedem o direito de participar de participar no usufruto dos bens materiais e de fazer render a sua capacidade de trabalho, criando assim um mundo mais justo e mais próspero para todos (n. 14), o Papa teólogo, pontualiza que a globalização há de ser vista como uma ocasião propícia para realizar algo de importante na luta contra s pobreza e colocar à disposição da justiça e da paz recursos até agora impensáveis (n. 14). Assim o seja!