Como meio de realização imediata do objetivo geral, a CF 2009 propõe alguns objetivos específicos, a saber: 1) Desenvolver nas pessoas a capacidade de reconhecer a violência na sua realidade pessoal e social, a fim de que possam se sensibilizar e se mobilizar, assumindo sua responsabilidade pessoal no que diz respeito ao problema da violência e à promoção da cultura da paz; 2) Denunciar a gravidade dos crimes contra a ética, a economia e as gestões públicas, assim como a injustiça presente nos institutos da prisão especial, do foro privilegiado e da imunidade parlamentar para crimes comuns; 3) Fortalecer a ação educativa e evangelizadora, objetivando a construção da cultura da paz, a conscientização sobre a negação de direitos como causa da violência e o rompimento com as visões de guerra, as quais erigem a violência como solução para a violência; 4) Denunciar a predominância do modelo punitivo presente no sistema penal brasileiro, expressão de mera vingança, a fim de incorporar ações educativas, penas alternativas e fóruns de mediação de conflitos que visem à superação dos problemas e à aplicação da justiça restaurativa; 5) Favorecer a criação e a articulação de redes sociais populares e de políticas públicas com vistas à superação da violência e de suas causas e à difusão da cultura da paz; 6) Desenvolver ações que visem à superação das causas e dos fatores da insegurança; 7) Despertar o agir solidário para com as vítimas da violência e 8) Apoiar as políticas governamentais valorizadoras dos direitos humanos.
A questão da segurança precisa ser trabalhada pela sociedade. Já no objetivo geral da Campanha, a Igreja diz qual sua grande meta: formar a 'cultura da paz'. Nos objetivos específicos se percebe que a tentativa é envolver todas as pessoas neste processo, com a valorização do que já existe de positivo. A simples punição como meio de concretização da segurança é algo falacioso e sem embasamento histórico. A violência só gera violência. Pode o mal extirpar o mal com aquilo que lhe é próprio? A conseqüência deste tipo de método para a consecução da segurança é a "opressão" material ou ideológica. Os fins não justificam os meios. O Estado teria que elevar o seu nível de percepção da condição humana para poder buscar vias mais consistentes para a implementação de políticas públicas que fomentassem uma consistente atuação e busca contínua para uma conquista individual e coletiva da paz. Para isso seria interessante considerar três horizontes, que seriam: 1) O homem; 2) a família e, consequentemente, a 3) sociedade.
No primeiro caso é notório que o homem da Atualidade vive profundamente angustiado. A divisão do "Ser e do Existir" e suas várias traduções no pensamento e nas formas modernas de manifestações da cultura, fizeram com que o ser humano saísse da sua condição de sujeito para de objeto do meio na Posmodernidade. No segundo ponto vemos uma reviravolta paradigmática na estrutura familiar. No congresso mundial das famílias, no México, em sua mensagem, o Papa pede que seja reafirmada a identidade familiar. Existe uma comunidade familiar sem um projeto humano e social integrante e duradouro? E, o terceiro, a própria sociedade deve conscientizar-se sobre esta necessidade urgente. Que tipo de Humanidade se deseja para o futuro? A desarmonia social também gera a insegurança individual e subjetiva.
Enfim, os objetivos específicos tendem a desenrolar uma prática interinstitucional que agregue valores humanos e cristãos a todos os ambientes sociais. Como falar de formas duradouras e sérias de conquistas da segurança pessoal e coletiva sem recordar estas palavras do profeta: "A paz é fruto da Justiça (Is 32,17)"?. Assim o seja!