Cristo ressuscitou, aleluia! A Páscoa é a forma mais humana e divina de se amar. Como seria a existência humana sem a experiência do amor? Não seria possível se falar do humano, totalmente humano. A explicação da existência humana não acontece pela possibilidade do nihilismo. Aliás, pensar o nada é o modo mais desumano de pensar o humano. Hoje, se eligia sobre o nada. Nós encontramos em universidades e centros acadêmicos as pessoas refletindo sobre o inconsistente. Como isto é possível? É a única e mais deprimente característica do ser pós-moderno: ele se nega para dar consistência ao absurdo; seja pela teórica ou pela prática.
Um dos elementos desta problemática existencial é a aceitação acefálica do caos como normalidade normatizada. Se poderia perguntar o porquê desta assertiva e eis, categoricamente, a resposta: "o vazio causado pela negação da existência do totalmente Outro". Um dos dados fortes desta defasagem antropológica está no horizonte tanajúrico de pensar o real. Nós temos intelectuais tanajuras. O seu instrumento de pensamento dispensa a subjetividade racionalizada. O que essa subjetividade equaciona sempre para o próprio homem é possibilidade de identificar a realidade do real. Por isso, querer formatizar universalmente o que não existe é a negação mais banal do que o ser é e poderá ser. Partindo desta perspectiva, pode-se apresentar a Páscoa cristã como o elemento que responde a este vazio próximo e último da condição humana e sua identidade que acontece no encontro com o totalmente Outro. O ser se manifesta na relação. A intuição monadica não se define e nem pode definir o que é o ser no todo. Ninguém se delimita por si. O que existe, só o existe pela via dialógica.
Com a ressurreição de Jesus, a humanidade, pelo menos a credente, embasa o que tanto se pensa, sem nenhuma resposta. Por isso, se diz que a reflexão sobre o nada é a mais pueril e lúdica maneira de negação do outro e de si. Em contrapartida, quem assume a experiência cristã de viver a dinâmica do amor a Deus e ao próximo não pode ser e nem estar alienado. A tentativa posmoderna de afirmação do sujeito imaginado como uma espécie de energia quântica falhou. Continua falhando. Vai naufragar o ser humano que a ela se entrega como solução acabada do projeto de constituição duma ontologia individualizada e parmedeia. Não existe condição suficiente para construção do ser fechado da necessidade do relacionamento do humano com o humano. Existe um equivoco na estruturação da história humana, pelo menos no ocidente, que está esquecendo que Deus existe e triste de quem pensa que ele não existe. Vai se afogar, mais cedo ou mais tarde. É uma questão de tempo! Se dispensarmos a racionalidade da forma mais humana de ser humano, continuaremos a dar consistência aos desencontros dos ilusionistas.
Jesus ressuscitou. Aleluia! Por acaso não será isto que nós queremos? Esta sim é a "essência do cristianismo". Não o homem que o subjetiviza para materializar. Quando tivermos uma resposta definitiva sobre o que é o homem, poderemos pensar nesta possibilidade. Por enquanto, partimos do dado revelado, que, por sua vez, é objetivo, e acreditamos, sim, na entrega divina para o que é humano porque é divino. Eis a essência do cristianismo. Deus se fez homem para que o homem se reconhecesse Nele. A ressurreição de Cristo vem chamar à nossa atenção para este desejo fundamental de felicidade. Ele é a nossa libertação e o mundo precisa perceber esta verdade. O homem pode sentir e inteligir isto; pois só o homem vivente pode ser a glória de Deus (Santo Irineu). Assim o seja!