São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A Ressurreição

Estados da questão: a) O que é ressuscitar? Segundo o catecismo da Igreja, na morte que é separação da alma e do corpo, os corpos do homem e da mulher caem na corrupção, ao passo que as suas almas vão ao encontro de Deus, ficando à espera de ser novamente unida ao seu corpo glorificado. Deus na sua onipotência restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos corpos unindo-os às nossas almas, pela virtude da Ressurreição de Jesus. b) Quem ressuscitará? Todos os homens que morreram: "Os que tiverem feito o bem (sairão) para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de julgamento" (Jo 5,29). c) De que maneira? Cristo ressuscitou com o seu próprio corpo: "Vede as minhas mãos e os meus pés: sou eu!" (Lc 24,39); mas ele não voltou a uma vida terrestre. Da mesma forma, nele, "todos ressuscitarão com seu próprio corpo, que têm agora", porém este corpo será "transfigurado em corpo de glória" (Fl 3,21), em "corpo espiritual" (1 Cor 15,44): ...Este "como" ultrapassa a nossa imaginação e o nosso entendimento, sendo acessível só na fé; d) Quando? Definitivamente "no último dia" (Jô 6,39-40.44.54; 11,24); "no fim do mundo". Com efeito, a ressurreição dos mortos está intimamente associada à parusia de Cristo: "Quando o Senhor, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descer do céu, então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro" (1Ts 4,16). (Cf. CIC 997-1001).

Para nós cristãos a ressurreição de Cristo não é um mito, ou seja, uma forma subjetivista de se falar de uma realidade. O testemunho da vida pospascal de Jesus Cristo, como uma experiência de fé, não é um elemento isolado do dado revelado. A historicidade deste evento já está explícito pela própria visibilidade da encarnação (Jô 1,14). Além de toda tradição e magistério católicos, teólogos protestantes mais atuais, em contraponto a Bultmann, já positivizam a fatuidade do acontecimento, tais como: Barth, Pannenberg e outros. Os paradigmas epistemológicos da modernidade não anulam a racionalidade objetiva da revelação. Não pode haver uma subjetividade que a materializa. Existe uma clarividência da manifestação de Deus em Jesus Cristo na plenitude do Tempo (Gl 4,4). A perspectiva é teológica e, por isso, os pressupostos não dispensam, para sua equilibrada hermenêutica, as virtudes teologais (cf. 1Cor 13,13), que como dons de Deus, possibilitam a percepção e o reconhecimento da presença de Jesus ressuscitado em nosso meio ontem, hoje e sempre. A fé é uma posse antecipada do que se espera, um meio de demonstrar as realidades que não se vêem (Hb 11,1). A experiência das primeiras comunidades com o ressurreto e anunciada posteriormente pelos demais cristãos, longe de desfigurar os testemunhos da ressurreição, a potencializam pela salvaguarda do deposito da fé na e pela Igreja (Lc 24,1-53) . Existe uma racionalidade no que é histórico. O texto paulino continua sendo indispensável para que possamos continuar, na comunidade eclesial e confirmados pelo sucessor de Pedro (Mt 16,13-19), transmitindo que Jesus ressuscitou (1Cor 15,3-5).

Por fim, a nossa alegria com a ressurreição do Senhor é plena. Pelo nosso batismo podemos celebrar a esperança da nossa ressurreição (Rm 6). Ele é a ressurreição e a vida. Ele é a nossa Páscoa. Quem Nele crê tem a vida eterna, e Ele o ressuscitará no último dia (Jô 6, 40). Continuemos nossa trajetória, que não é cíclica. Ela faz parte da pedagogia histórica e salvífica de Deus, que o senhor da vida. Nós cristãos temos a obrigação de testemunhar esta verdade no mundo, já que o amor torna sempre presente a pessoa amada. Por isso, podemos dizer: Jesus ressuscitou, aleluia, aleluia! Assim o seja!