São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ecumenismo e fundamentalismo

A Igreja Católica, principalmente depois do concílio Vaticano II, com o documento Unitatis redintegratio, que trata sobre o ecumenismo, vem tentando formar uma mentalidade e ter atitudes ecumênicas. Com João Paulo II, mediante o documento Ut unum sint (que todos sejam um), houve uma retomada da discussão. Hoje, na Europa, principalmente na Suíça e na Alemanha, esta tentativa já tem um horizonte mais bem dinamizado. Houve um certo desencontro com o documento da congregação para doutrina da fé, Dominus Iesus, não por causa da impostação cristológica; mas mais pela sua inferência eclesiológica. Todavia, atualmente, para o ocidente cristão, o significado do ecumenismo tem sua relevância, não apenas como necessidade teológica (Jo 17), mas também, e num futuro oxalá bem distante, como premência política para o ocidente, que infelizmente, está dissecando suas raízes culturais.

Aqui no Brasil é muito difícil ter ações ecumênicas. Estas normalmente, devido ao indecifrável protestantismo nacional, que também perdeu suas raízes doutrinais e metodológicas, são inviáveis. Segundo Rubem Alves um dos elementos que definem a identidade protestante é ter o catolicismo como inimigo. Vejam que tipo de cristianismo! (Cf. Religião e Repressão). O que este autor escreve e descreve é a mais pura realidade do protestantismo brasileiro, na sua grande maioria de comunidades e derivações que são criadas e abertas a cada dia, em nossas realidades. Há ainda quem defenda que o protestantismo é o grande fator de desenvolvimento de países do velho mundo e que a América não teve a mesma sorte porque nós fomos colonizados por dois países de tradição católica. Por um acaso a maioria dos países da África foi colonizada por quem? Então esperemos que com Edir Macedo e outros empresários do sagrado, nós nos tornaremos uma potência mundial! Não é a toa que a presa destes manipuladores(as) da boa fé são aqueles mais indefesos. E não me atrevo a dizer quem porque sem dúvida a bíblia será usada como espada de ataque imediatamente. E eis aí o grande problema: o ecumenismo é a possibilidade do diálogo e da harmonia com o diferente; mas como pode existir concórdia quando os protestantes são formados para agir com indiferença nas suas relações com os cristãos católicos? Quais fundamentos bíblicos e teológicos são oferecidos e que tipo de interpretação da Sagrada Escritura é feita para haver tanta divisão? Se existe uma doutrina mais aprofundada, porque tantas denominações?

O que apresento aqui é mais uma inquietação. Não é uma provocação. As lideranças religiosas podem e precisam rever suas doutrinas. O que as igrejas luteranas e a Igreja Católica concordam categoricamente é que nós cristãos somos salvos pela Fé em Jesus Cristo (Rm 3,20-27; Gl 3). Se algum cristão tem alguma dúvida quanto a esta Verdade fundamental tem que mudar sua concepção. Para o protestantismo brasileiro esta questão é um sério problema pela miríade de grupos que se confundem e são confundidos todos os dias. Nós cristãos não podemos esquecer que antes da bíblia existe Deus. Ele é o Senhor. Ele se revela pelo seu Filho na plenitude do tempo, nascido de uma mulher (Gl 4,4). Depois disto, na sua fase histórica, vem Jesus Cristo que foi terreno, crucificado, ressuscitou, pela Fé está presente e virá para julgar os vivos e os mortos. Estas verdades foram transmitidas pela Tradição que ratificou as Escrituras, num período de tantas heresias e divisões nos primórdios do cristianismo e, que, continua tendo a sua autoridade para nos confirmar na Verdade professada por Pedro (Mt 16,13-16), que através do Papa, Bento XVI, continua sendo fonte de unidade da Igreja de Cristo, que está aberta ao diálogo com as demais comunidades que acreditam num único Salvador do universo e de cada um de nós. Assim o seja!