São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Padre: Homem do Amor, da Verdade e da Vida

"Nós padres, em Cristo, devemos ser Homens do Amor, da Verdade e da Vida". A nossa busca permanente precisa ser esta. A dimensão existencial da nossa vocação humana e cristã tem este horizonte. Só no seminário de Jesus nós aprendemos que é assim que Deus o quer. Nós somos chamados para ser sinal desta proximidade de Deus com o mundo. Não somos deuses e ninguém o pense que somos. Somos seres humanos. Com uma condição humana, e, isto, quer dizer tanto. Não só para nós; como também, para todos que, pela bondade de Deus, nos são confiados. A nossa consagração não dispensa as nossas liberdades e consciências. Claro que ficamos felizes com esta gratuidade de Deus. O padre que não vive plenamente uma liberdade consagrada, pode sê-lo porque não sabe que poderia ser feliz sem precisar procurar refúgios das experiências humanas. Só quem é livre para amar a verdade e a vida se plenifica e é plenificado como padre.

Jesus na sua oração sacerdotal fala ao Pai. Daqui tiro basicamente a primeira conclusão. Só porque ama é que Jesus deseja falar com Pai. Quiçá, outra forma de pensar pudesse ver aqui outro anseio de Jesus. Mas não! Jesus eleva o coração ao Pai, porque o ama. Pela compreensão do amor de Jesus pelo Pai e do Pai pelo Filho é que podemos entender que um Deus que é Amor é que possibilita uma forma única e universal de amar. Não esqueçamos que Deus é amor (cf. 1Jo 4,8). Hoje, diante de situações nas quais o ódio e a matança, de culpados e inocentes, são defendidos como direitos daqueles que não são lembrados nem ouvidos, como não voltar o nosso coração para as palavras e gestos de Jesus na hora de tão grandes sofrimentos? Claro que não se medita sobre estas atitudes! Não podemos fechar os olhos. O problema está no nosso tempo e no nosso espaço. Os cristãos estão perdendo o sentido do amor com o qual Jesus nos amou e por nós rogou (cf. Jo 17,9-11). Por isso, preenchamos o nosso coração de amor, pela oração, contemplativa e atuante, e digamos, como homens amantes de Deus, que podemos anunciar o teu nome...a fim de que o amor com que nos amas esteja neles e Ele em todos nós (cf. Jo 17,26; 15,9)".

O coração sacerdotal de Jesus roga ao Pai que nós sejamos santificados na verdade; pois a palavra do Pai é verdade (cf. Jo 17,17). A verdade de Deus não está condicionada às categorias da inteligência humana. Só quem faz uma experiência de amor com a palavra criadora, redentora e santificadora de Deus sabe e saberá o que é a verdade. A conseqüência da possibilidade do encontro com a verdade de Deus é um Amor que ama e um Amor que é amado. A possibilidade é relacional. Num coração sacerdotal não deveria haver um amor que ama sem ser amado. Por isso que, na mística cristã, não há lugar para uma verdade que conhece; mas, outrossim, uma verdade que se deixa conhecer. O padre que não vive por causa da verdade nunca desenvolverá a essência da sua identidade sacerdotal. Nó s existimos por causa da e pela Verdade (cf. Jo 17,19).

Por fim, o conhecimento de Deus e de Cristo possibilita a vida eterna (cf. Jo 17,3; 11,25; 5,21). Ele é a vida e a promove em abundância (cf. Jo 1,4; 10,10). Quem não promove a vida, nem ama e nem promove a verdade. O coração dum verdadeiro sacerdote dá a vida por quem ama (cf. Jo 10,11.15). Infelizmente, há mercenários (cf. Jo 10,13). A plena realização histórica e divina de Cristo aconteceu porque ele se entregou à vontade de Deus integralmente. Num mundo com tantos desafios humanos que nos apelam cotidianamente; nós, sacerdotes, somos chamados a ser Homens do amor, da verdade e da vida. Assim o seja!