São José de Mipibú - RN / Arquidiocese Natal

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

IDH 2009 e Doutrina Social Da Igreja

Já saiu o ranking completo do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) 2009. Este mede os avanços alcançados por um país em três aspectos: vida longa e saudável (baseado na esperança média de vida ao nascer), acesso ao conhecimento (baseado na alfabetização e na escolarização) e nível de vida digno (baseado no PIB per capita associado ao poder de compra em dólares americanos). O Brasil está na 75ª posição no ranking do IDH, que avalia 182 países considerados de alto desenvolvimento humano – aqueles com IDH superior a 0,800. No último levantamento, o país aparecia na 70º posição (Cf. PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Dentre outras constatações, o relatório denuncia que apesar das melhorias significativas registradas ao longo do tempo, o progresso tem sido irregular. Muitos países testemunharam retrocessos nas últimas décadas devido às retrações econômicas, às crises induzidas por conflitos e às epidemias. E tudo isto antes de se sentir o impacto da atual crise financeira mundial. Aos cinco países que se destacaram por terem subido três ou mais posições: China, Colômbia, França, Peru e Venezuela. O relatório da ONU atribui esse avanço aos aumentos nos rendimentos e na esperança média de vida. Na China, na Colômbia e na Venezuela, houve também uma melhoria significativa na educação (Idem).

O pensamento social da Igreja, mais uma vez, é de extremamente lúcido nas suas análises. O Papa Bento XVI, na sua última Encíclica (Caritas in Veritate), em consonancia com o pensamento de Paulo VI, diz que o desenvolvimento implica liberdade que possibilita a responsabilidade que eleva a vocação do homem a sua transcendência. Segundo ele, com o termo “desenvolvimento”, o seu predecessor queria indicar, antes de mais nada, o objetivo de fazer sair os povos da fome, da miséria, das doenças endêmicas e do analfabetismo. E isto significa, “do ponto de vista economico, a sua participação ativa e em condições de igualdade no processo economico internacional; do ponto de vista social, a sua evolução para sociedades instruídas e solidárias; do ponto de vista político, a consolidação de regimes democráticos capazes de assegurar a liberdade e a paz (Cf. caritas in veritate, n. 21)”.

O desenvolvimento por ser policêntrico, não pode se preocupar só com o seu crescimento, enquanto cresce também as desigualdades. Ele denuncia que a corrupção e a ilegalidade estão presentes tanto no comportamento dos sujeitos economicos e políticos dos países ricos, antigos e novos, como nos nos príoprios países pobres, que no Brasil vem a enquadrar esta denuncia. Por que que ele afirma que não é suficiente progredir do ponto de vista economico e tecnológico; é preciso que o desenvolvimento seja, antes de mais nada, verdadeiro e integral (n. 23). Por exemplo, no Brasil o desenvolvimento humano não acompanhou o desenvolvimento econômico! Houve uma queda no ranking de 70º para 75º. Para o Pontífice, “o homem é o protagonista, o centro e o fim de toda a vida economico-social (n. 25)”. Em muitos países pobres corre o risco de aumentar uma insegurança extrema de vida, que deriva da carência de alimentação: “a fome ceifa ainda inúmeras vítimas. Dar de comer aos famintos, para toda a Igreja, é um imperativo ético, que é resposta aos ensinamentos de solidariedade e partilha do seu Fundador, o Senhor Jesus (n. 27)”. Por isso a maturação da consciência para que a alimentação e o acesso à água como direitos universais de todos os seres humanos, sem distinções nem discriminações. Sublinha que um dos aspectos mais evidentes do desenvolvimento atual é a importância do tema respeito pela vida, que não pode ser de modo algum separado das questões relativas ao desenvolvimento dos povos. “A abertura à vida está no centro do verdadeiro desenvolvimento. Quando uma sociedade começa negar e a suprimir a vida, acaba por deixar de encntrar as motivações e energias necessárias para trabalhar ao serviço do verdadeiro bem do homem (n. 28)”.

Por fim, com a novidade principal da explosão da interdependencia mundial (globalização), a proposta da DSI continua sendo uma proposta fundamental capaz de elevar o gradual e permanente índice de desenvolvimento humano dos povos. Assim o seja!